O presidente do PS/Madeira considerou hoje que seria uma decisão “errada” se o representante da República avançasse para a indicação de Miguel Albuquerque para formar um Governo.
“Se, de forma errada, o sr. representante da República indicar Miguel Albuquerque para formar Governo, há aqui uma probabilidade, tendo em conta o que foi dito pelos partidos durante a campanha eleitoral, de o Programa do Governo e a moção de confiança não passarem. Aqui, o PS assume a sua responsabilidade de, junto com o JPP e outros partidos que estejam disponíveis, ter condições para ser a solução de Governo na Região”, referiu.
Dizendo ter uma solução “estável”, feita a partir de um acordo entre PS e JPP, Paulo Cafôfo afirmou que o projeto conjunto visa “mudar o regime” e resolver “as questões que estão na declaração de princípios”, ontem assinada entre os dois partidos.
Reconheceu que o quadro parlamentar “é matematicamente difícil”, mas considera que PS e JPP juntos têm “a mesma legitimidade que o PSD”, no contexto do atual.
“Num regime parlamentar não forma governa quem é mais votado. Depende da possibilidade de entendimentos ou acordos e, neste caso, de passar um programa de governo que assuma a forma de moção de confiança, que pode ou não passar”, referiu.
No final do encontro com o representante da República, Cafôfo disse ainda que “não podia ficar de braços cruzados” depois de umas eleições que não deram a nenhum partido “uma maioria que permita garantir ao sr. Representante da Republica uma solução de governo”.
Confrontado com a possibilidade de o PSD e o CDS virem a fazer um acordo nos próximos dias, o presidente do PS respondeu que “não há nenhum partido que tenha 24 deputados garantidos e, portanto, “a legitimidade é para o PSD, mas é também para o PS”, pois “estamos a falar de dois blocos com minorias”.
Cafôfo não quis comentar as posições que os outros partidos da oposição têm feito à saída dos encontros com Ireneu Barreto, e comparou a realidade regional atual com outros exemplos no passado.
“Se formos olhar a 2015, não foi António Costa que ganhou as eleições, foi Pedro Passos Coelho, mas foi António Costa que foi primeiro-ministro. Também em 2020, não foi José Manuel Bolieiro que ganhou as eleições (nos Açores), foi Vasco Cordeiro, mas José Manuel Boleiro foi diretamente convidado a formar governo. Portanto, temos aqui precedentes”, argumentou.
Porém, foi confrontado pelos jornalistas que nessas duas ocasiões havia a garantia de uma maioria absoluta nos parlamentos. “E o PSD/M tem essa garantia?”, retorquiu.
“Do que eu sei, não tem essa garantia e daí eu reforçar esta legitimidade”.Refira-se que o representante da República para a Madeira está a receber hoje os partidos políticos com assento parlamentar, iniciando o processo que vai levar à formação do futuro Governo Regional.
As audiências estão a acontecer seguindo a regra do partido menos votado para o mais votado. Esta manhã foram ouvidos o PAN, a Iniciativa Liberal e o CDS/PP. À tarde, já foram ouvidos o Chega, o JPP e o PS. Segue-se o PSD.