APOM atribui três distinções a museus da Região

Na cerimónia de hoje de entrega dos prémios da Associação Portuguesa de Museologia, o Museu Etnográfico da Madeira recebeu o prémio Parceria e uma menção honrosa para a exposição temporária ‘Onde a Lã Vive’ e o Museu Colombo uma menção honrosa na categoria de Incorporação. O programa ‘Museus com História’ da RTP-M, também foi premiado.

A edição de 2025 dos prémios da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) atribuiu hoje à Região três distinções (um prémio e duas menções honrosas) a museus tutelados pela Secretaria Regional de Turismo, Ambiente e Cultura através da Direção Regional da Cultura.

Ao Museu Etnográfico da Madeira foi atribuído o prémio Parceria ao projeto “Onde a Lã Vive”. Tratou-se de uma parceria cultural e comunitária, que reuniu instituições, artesãos, investigadores e a comunidade local, para valorizar a tradição da lã na RAM. Promovido pelo MEM, insere-se num projeto mais vasto, o qual, para além da exposição, procura contemplar outras vertentes de interpretação e mediação cultural.

A iniciativa consolidou-se através de várias parcerias, nomeadamente com: Coletivo Enfia o Barrete (Irina Andrusko e Luz Ornelas), Câmara Municipal da Ribeira Brava (residência artística no Espaço do Artesão), Rafaela Rodrigues (autora do livro infantojuvenil “A Fiandeira”), Rosa Pomar (historiadora e investigadora – registo de repertório de tricot), Rui Dantas (realizador responsável pelo documentário “Onde a Lã Vive” da série do MEM, Museus Vivos”), Associação dos Criadores de Gado das Serras do Poiso e Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (apoio nas tosquias para obtenção de lã), Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato (cedência de lã para a instalação Barrete do Gigante”) e a Comunidade Local (cedência de objetos e depoimentos para a exposição).

O projeto concretizou-se em diferentes formatos: uma exposição temporária (com peças do espólio do MEM e de particulares, peças contemporâneas e instalações artísticas, inspiradas na tradição, e imagens e testemunhos de literatura oral), o livro da Coleção Cadernos de Campo (n.º 8), com registo do estudo completo, um livro infantojuvenil (“A Fiandeira”), um documentário (da série “Museus Vivos”) e um conjunto de oficinas, orientadas por especialistas, que decorreram ao longo da exposição.

Este projeto, criativo, valorizou a identidade cultural regional, resgatou técnicas tradicionais e impulsionou a economia circular. Com o envolvimento da comunidade e uso de materiais sustentáveis, reforçou a sua relevância social e ambiental. “Onde a Lã Vive” demonstra como a cooperação é condição para a preservação do património cultural, recuperando a ancestral prática da transformação da lã e o repertório de tricot da Região, apresentando-os a novos públicos.

Já a exposição do MEM integrada neste projeto e com o mesmo título, recebeu uma menção honrosa na Categoria de Exposição Temporária. A mostra, organizada pelo MEM, em parceria com o coletivo “Enfia o Barrete”, teve como foco a valorização do património cultural da RAM. Inaugurada a 17 de outubro de 2024, seguia o ciclo natural da lã, desde a tosquia até à sua transformação em artefactos culturais, visando proporcionar um encontro imersivo entre o visitante e a lã regional, refletindo sobre o passado, presente e futuro deste recurso na economia e na sustentabilidade local.

O percurso iniciou-se com uma instalação identitária de um barrete de orelhas e foi interativo e sensorial, simulando a jornada da lã, desde a natureza até ao objeto, recorrendo a elementos visuais, sonoros e táteis.

A exposição estava organizada em dois espaços, o “Arquétipo”, que exibia a tradição do pastoreio e técnicas ancestrais, valorizando a comunidade local; e o “Protótipo”, que apresentava interpretações contemporâneas, com foco na sustentabilidade.

Foram selecionados objetos do acervo do museu, em reserva, e de particulares, e testemunhos iconográficos e bibliográficos e da tradição oral. Inseriram-se elementos interativos para envolver o público de forma ativa e inclusiva, seguindo uma abordagem ecológica, demonstrando o potencial a lã das ovelhas regionais, atualmente desperdiçada.

A mostra conquistou variados públicos, ao serem proporcionados materiais informativos bilingues e em QR Código e formatos inclusivos, oficinas, apresentações de livros e um documentário, além de um concurso de presépios sustentáveis (com lã fornecida pelo Coletivo “Enfia o Barrete”), incentivando a participação ativa da comunidade e promovendo a transmissão do conhecimento e a valorização do património cultural.

Teve grande afluência do público, justificando o aumento do período em exibição. A tradição, inovação e sustentabilidade, foram focos centrais, cujo impacto estendeu-se à educação patrimonial, ao reforço da identidade local e à promoção da economia circular na Região.

Finalmente, o Museu Colombo recebeu uma menção honrosa na categoria de Incorporação, tendo por base as doações realizadas por mecenas no ano 2024 e a coleção que em muito enriqueceram a nova museografia da Casa Colombo – Museu do Porto Santo e dos Descobrimentos Portugueses.

Refira-se que a equipa da SRTAC/DRC/DSPC desenvolveu o estudo de ampliação da antiga Casa Colombo-Museu do Porto Santo, que reabriu ao público a 5 de julho de 2023, agora com o anexo da antiga Baiana, imóvel do século XVII. Foi a continuação de um projeto primitivamente iniciado nos anos 80 do século XX, no centro da Vila Baleira, e na casa onde tradicionalmente se diz ter vivido Cristóvão Colombo. Tratava-se, apenas, de uma pequena unidade museológica. Já em 2004, foi transformada e enriquecida com novos conteúdos museográficos e artísticos, cujo programa centrou-se na afirmação da posição estratégica do Porto Santo no contexto dos descobrimentos portugueses e abertura de Portugal ao mundo.

Com as novas obras e requalificação do museu, foi criado um novo programa expositivo, valorizando temas da histórica local, do seu posicionamento estratégico e das condições de diálogo dos portugueses com outros povos e as viagens transoceânicas, que para melhor compreensão foram ofertadas peças de valor artístico e histórico. Foram doadas 34 peças, no ano de 2024, permitindo uma visão mais alargada do contexto do mundo português, desde meados do século XV, com os achamentos do Porto Santo e Madeira.

O novo museu apresenta uma exposição permanente renovada, que elucida o trânsito civilizacional que Portugal foi pioneiro na Europa.

Na cerimónia de hoje, foi também entregue o prémio de trabalho jornalístico/media ao Programa “Museus Com História”, um projeto do jornalista da RTP-Madeira, Filipe Gonçalves, e que visou 12 museus e núcleos museológicos tutelados pela SRTAC/DRC.

Recorde-se que a Associação Portuguesa de Museologia tem por objetivos, promover o conhecimento da museologia e reconhecer a importância do papel desempenhado pelos museus portugueses e seus profissionais em cada comunidade, local, regional ou nacional. Desde 1995, a APOM tem vindo a atribuir prémios anualmente, r, distribuídos pelas inúmeras categorias que refletem as diferentes áreas funcionais e profissionais que se relacionam com a Museologia e com o Património Cultural.

Os museus da Madeira e em particular os que estão sob a tutela da Direção Regional da Cultura (sócios institucionais da APOM) e a Direção de Serviços de Património Cultural, têm, de forma regular, apresentado candidaturas aos PRÉMIOS APOM, desde 2006, respeitantes às principais funções museológicas e patrimoniais, muitas delas reconhecidas e distinguidas com menções honrosas e/ou prémios, demonstrativas da qualidade e do importante trabalho desenvolvido em prol da valorização e salvaguarda do património artístico e cultural da RAM.

Desde 2006 e contabilizando os prémios de 2025, foram já atribuídas 47 distinções à Região.

O Secretário Regional de Turismo, Ambiente e Cultura, Eduardo Jesus, enaltece os prémios hoje recebidos sublinhando que “é com enorme satisfação e orgulho que recebemos a notícia destas distinções. Estes galardões são um justo reconhecimento do trabalho consistente, inovador e profundamente comprometido com a preservação e valorização do nosso património cultural e histórico”.

O governante refere que os museus e espaços culturais tutelados pela Região têm vindo “a afirmar-se, não apenas como guardiões da memória coletiva, mas também como espaços vivos de educação, investigação e fruição cultural. Estes prémios vêm reforçar o valor do investimento que temos feito nos espaços museológicos, na qualificação das equipas e na programação cultural. Quero, por isso, endereçar os parabéns a todos os profissionais e instituições envolvidas neste percurso. Estes reconhecimentos, que muito nos honram, pertencem a todos os que acreditam na cultura como motor de desenvolvimento e identidade regional.”

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