Há lugares onde o mundo parece desdobrar-se em múltiplas dimensões — visíveis umas, silenciosamente impactantes outras. As feiras, enquanto espaços de encontro e de revelação, são disso exemplo eloquente. A sua função transcende largamente o que está em exposição. São, acima de tudo, momentos privilegiados de partilha, de projeção e de reinvenção.
Foi nesse espírito que, no último artigo, tive oportunidade de escrever sobre a importância da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), refletindo sobre o potencial que estas plataformas oferecem, não apenas para a promoção de destinos, mas para a construção de novas narrativas, mais integradas, mais conscientes, mais enraizadas em quem somos e no que aspiramos ser.
Hoje falo sobre a Feira do Livro do Funchal. Porque também ali se promove. Também ali se descobrem mundos e projetam futuros.
Um evento que merece ser destacado e enaltecido, tanto pela sua organização cuidada como pelo propósito que lhe está na origem. A Câmara Municipal do Funchal está de parabéns por manter viva esta iniciativa com um sentido tão claro de missão cultural e cívica e este ano podemos contar com a rica presença de Cabo Verde.
Se o turismo nos convida a viajar pelos espaços, o livro convida-nos a viajar pelas ideias. E é essa a beleza das feiras literárias: abrem portas ao conhecimento, à sensibilidade, à reflexão. Promovem a leitura como ferramenta de emancipação individual e coletiva, transversal a todas as faixas etárias e a todas as esferas da vida.
Foi nesse contexto que, no passado dia 5 de abril, tive o privilégio de apresentar a obra infantil A Macaronésia Trocada por Miúdos — um livro que propõe uma viagem, numa abordagem lúdica e pedagógica, especialmente pensada para o público mais jovem; esta primeira edição contou com um importante apoio parcial da Câmara Municipal do Funchal, estando já no “forno” uma segunda edição, que se tornará possível graças à contribuição de quatro donativos, possibilitando assim que os lucros advindos da venda do mesmo, possam ser encaminhados para instituições de apoio à criança e ao jovem em Cabo Verde. Em nome da Associação de Promoção da Macaronésia da Madeira, os nossos sinceros agradecimentos à Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, às empresas FN Hotelaria, Ramrest e Mozart.
Importa sublinhar esta ideia: ajudar Cabo Verde é ajudar um irmão; ajudar um irmão que tem demonstrado ser merecedor dessa ajuda, pelo seu percurso evolutivo ao longo dos tempos, olhar para além da necessidade e ver o mérito.
Que nunca nos falte a capacidade de valorizar o que se promove para além do que se vende. E que saibamos sempre reconhecer que a verdadeira grandeza de uma feira reside naquilo que inspira e transforma, mesmo quando não é imediatamente visível.