Esta Sexta-feira Santa, o bispo do Funchal, D. Nuno Brás, presidiu à Paixão do Senhor, onde exortou as centenas de fiéis que se concentraram na Sé a ter esperança “no Crucificado”.
“Para a esmagadora maioria dos habitantes de Jerusalém, Jesus foi apenas um condenado por se fazer Filho de Deus; para os chefes judaicos, tratava-se de defender as prerrogativas que lhes conferiam alguma independência em relação a Roma; para os soldados era apenas mais um crucificado, entre tantos que Pilatos condenara; mesmo para a maioria dos discípulos de Jesus, o que naqueles dias sucedeu em Jerusalém constitui uma desilusão, uma derrota”, refletiu o bispo, no decurso da sua homília.
Perante ‘o rebanho’ de Cristo, que hoje se juntou para recordar a sua morte e ressurreição, D. Nuno Brás questionou: “podemos nós, homens e mulheres do século XXI, acreditar em alguém que foi crucificado?”.
Fazendo alusão a São João, o “discípulo amado”, recordou o evangelho em que propõe que, como ele, “sejamos capazes de perceber que a cruz do Senhor, mais que patíbulo, é trono real, que, longe de derrota, é exaltação, que, longe de ser cedência à morte, é luta e vitória, é amor vivido e entregue, pelos seus e por todos, até ao fim”.
“São João foi capaz de perceber que, na Cruz, é Deus que vive em primeira pessoa a morte humana para nos poder oferecer a sua vida, a Vida Eterna. E São Paulo, noutro lugar, falando da vida cristã, afirmava: «Com Cristo estou crucificado. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. O que agora vivo na carne, vivo-o na fé no Filho de Deus, que me amou e a si próprio se entregou por mim”. Vivo na carne e vivo na fé!”, exclamou o bispo.
Por fim, D. Nuno Brás pediu aos cristãos que reconhecessem que “Deus, pregado na cruz, nos ama e nos salva”. “É reconhecermos no madeiro da cruz aquele que hoje nos pode salvar”, rematou.