Jovens portugueses entre 25 e 34 anos são os que menos confiam nas notícias

São, segundo os investigadores, “as faixas mais jovens que revelam maior afastamento das notícias e, em particular, os menos instruídos.

Os jovens portugueses entre os 25 e 34 anos são os que menos confiam nas notícias, enquanto em Espanha as idades variam entre 18 e 24 anos, segundo o relatório do Observatório Ibérico de Media Digitais (Iberifier) hoje divulgado.

“Em ambos os países, a confiança nos media e na ideia do jornalismo e das notícias como solução para os fenómenos de desinformação é consideravelmente menos difundida entre as gerações mais jovens, nomeadamente entre os 18 e os 24 anos”, lê-se no relatório “Padrões de consumo de desinformação em Portugal e Espanha”, elaborado pelo Iberifier.

“Os comportamentos negativos em torno das notícias, como o evitar ativo de notícias e a perda de interesse, são mais prevalecentes não só entre os mais jovens, mas em particular entre os mais pobres e os menos instruídos, um aspeto que acreditamos ter particular impacto no potencial crescimento da polarização em ambos os países”, de acordo com o documento.

Segundo os dados sobre confiança nas notícias, em 2015, 60% dos jovens portugueses em idades compreendidas entre 18 e 24 anos confiavam nos media, valor que subia para 65% na faixa etária 25-34 anos.

Em 2023, estas percentagens recuaram, para 52% na faixa etária 18-24 anos e 48% entre os 25-34 anos, onde se regista o valor mais baixo.

Em Espanha, segundo dados de 2022, 24% na faixa 18-24 anos confiava nos media e 20% entre os 25-34 anos.

São, segundo os investigadores, “as faixas mais jovens que revelam maior afastamento das notícias e, em particular, os menos instruídos, e que estas condições podem estar a contribuir para a polarização da sociedade”.

“De um ponto de vista abrangente, considera-se que a desinformação é um fenómeno composto por múltiplas dimensões e que por isso precisa de uma intervenção multidisciplinar” e a “sua mitigação implica conjugar atuações e agentes, de atores da sociedade civil, a legisladores, partidos políticos, governos e forças de segurança”, remata.

O estudo resulta de “uma análise sistemática a um conjunto de estudos sobre a produção, criação, distribuição e impacto da desinformação, entre relatórios desenvolvidos nos últimos quatro anos pelo Observatório Ibérico de Media Digitais, Iberifier e as análises fornecidas pelas publicações de referência, de que é exemplo o Digital News Report (2023) e o Eurobarómetro, da Comissão Europeia”.

O Iberifier integra 23 centros de investigação e universidades ibéricas, as agências de notícias portuguesa, Lusa, e espanhola, EFE, e ‘fact checkers’ como o Polígrafo e Prova dos Factos – Público, de Portugal, e Maldita.es e Efe Verifica, de Espanha.

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