Palavras sobre o meu trajeto de vida

Bem, como sempre escrevo em cima da hora, e sobre assuntos que dizem que não domino.

Sendo que tenho de escrever rápido, vou dizer o que me vem à cabeça indistintamente, e no final do texto darei um título, de preferência apelativo, tal como a minha falecida Tia, Lídia Trindade ensinou-me.

Neste momento da minha vida, aos 44 anos de idade, encontro-me sem religião, ideologia política, ou partido.

Das únicas pessoas que ainda me aturam são os meus sócios na sociedade de advogados onde trabalho, e a super compreensiva Joana, fabulosa assistente administrativa, devo o meu agradecimento a estas excelentes pessoas, que fazem de mim um melhor ser humano.

Ainda assim tenho um bom par de amigos verdadeiros, não tenho dúvidas, mas também me dedico muito a eles, sem qualquer segundo interesse ou açambarcamento social.

Nunca liguei ao status social de ninguém, e apenas ligo ao dinheiro, quando fico totalmente teso.

Quanto à minha família, é composta pelo núcleo familiar e alguns, poucos primos e tios que tenho.

A família nuclear nunca me abandonou e posso sempre contar com eles, são a minha base de apoio, e aqueles por quem dou a vida em qualquer circunstância.

A nível profissional a vida corre-me bem, penso que seja porque tenho maneira descomplicada de estar, são os meus clientes/amigos que dão sentido à minha vida, sendo que trabalho diariamente para não os desiludir.

Fui acusado recentemente por uma pessoa próxima de ser narcisista, tenho reflectido sobre isso, e chego à conclusão de que não o sou, uma vez que considero-me um bom ser humano que se preocupa com o próximo.

Gostar de nós próprios é um processo árduo que leva tempo e mentalidade, e nunca deve ser considerado uma patologia, apenas e no limite, quando menosprezamos os outros e vivemos num mundo idílico em que nos consideramos os maiores, aí sim devemos mudar.

Tenho pensado também no absurdo da vida, uma vez que o meu segundo pai, não biológico, não está bem de saúde, tenho chorado muito e estou um pouco frágil, mas tenho de aceitar que todos vamos morrer um dia, o que não entendo é porque existem pessoas que praticamente vivem para lixar a vida dos outros, e tomam a vida como uma concorrência em que vale tudo para chegar a líder de alcateia.

Relativamente à política, acho que o Albuquerque devia levantar a imunidade, e que aqueles que andaram de partido em partido até chegar ao palco principal deviam ter mais alguma humildade e representar o povo, aí sim sem qualquer tipo de narcisismo.

Gosto muito de música e cinema, mas tenho uma opinião de que a arte madeirense tem de ser democratizada, mesmo antes da política, tenho uma ideia de que o artista madeirense (sem querer generalizar) tem alguns tiques de estrela e fecham-se em grupos com os seus pares, eximindo-se da tarefa social.

Sou de acordo que o elitismo é mau em qualquer área da sociedade, e a arte e os movimentos culturais, podem e deviam de ser a chave de desbloqueio do marasmo político e social em que vivemos há quase 50 anos.

Não tenho muito mais para dizer, mas dou uma palavra aos meus queridos amigos de infância da Zona Velha, façamos da nossa querida Zona, um lugar familiar de gente que aí sempre viveu como família.

Devo os meus estudos aos habitantes de Câmara de Lobos, onde comecei a trabalhar aos 15 anos, foram esses que me pagaram a faculdade, frequentando o bar do meu pai, o Tininho, ex-futebolista do marítimo, em Câmara de Lobos, disso também nunca me vou esquecer.

Uma palavra para o meu querido amigo e ex-vizinho João Goes, que na zona do Lido, quando fui para aí viver, ensinou-me a sobreviver num ambiente ao qual não estava acostumado. É um gentleman e dos seres humanos mais puros que conheci na minha vida.

Quanto a uma das pessoas que gosto e gostei mais na vida, não há palavras para expressar o meu sentimento e gratidão para com o meu mestre e grande amigo Dr. José Manuel Cabral Fernandes, a tua presença na minha vida é inestimável.

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