O Museu de Imprensa, em Câmara de Lobos, recebe ao longo desta sexta-feira o V Encontro Regional de Universidades Seniores, lotando aquele auditório.
Logo de entrada, Sérgio Oliveira, presidente da Casa do Povo de Câmara de Lobos, que acolhe a Universidade sénior do Concelho e organiza estes encontros regionais, anuais, atestou que o sucesso desta aprendizagem ministrada aos menos jovens constituirá mais uma prova de que os “Apoios às Casas do Povo não são despesas, são investimentos”.
Presente está também o dirigente nacional, Luís Jacob, presidente-fundador da RUTIS – Rede de Universidades Seniores, que lembrou que tudo começou há 20 anos, em Almeirim, com a primeira universidade nacional, reunindo “10 alunos, entre eles a minha mãe e a minha tia, e um professor voluntário”.
A aposta mostrou-se positiva, cresceu substancialmente e demonstrou que era possível, não só nos grandes centros urbanos, mas também nos lugares mais afastado. Prova disso, é que hoje, duas décadas depois, há 415 universidades distribuídas pelo país, agregando cerca de 70 mil alunos e cerca de 7.500 professores voluntários.
“Fazer o que nunca foi feito” é um desafio generalizado colocado aos menos jovens, nessa perspetiva de “um fim de vida mais ativo e mais dinâmico”, sendo esta síntese feita por Luís Jacob corroborada por todos os intervenientes.
Na sessão de abertura interveio ainda Celso Bettencourt, tendo o presidente da Junta de Freguesia de Câmara de Lobos, lembrou as 15 universidades na Região, juntando cerca de cinco centenas de alunos, tendo o projeto se iniciado no Funchal, com Câmara de Lobos a surgir logo de seguida. “É uma resposta muito importante, que vai muito além da saúde e é também social e de inclusão”, proporcionando “uma panóplia de atividades”.
“Não estão em fim de vida, estão a começar outra vida”, disse Celso Bettencourt à plateia, lembrando que “depois de uma vida de trabalho e não sabem o que fazer, surgem estas respostas”, relevando que o serviço público está acima de tudo o mais. “Não importa quem faz, quem faz mais ou menos, somos todos parceiros…”
Ana Sousa também esteve em Câmara de Lobos, com a secretária regional com a tutela da Inclusão Social a destacar estarmos a falar de “focos de ensino e aprendizagem que são molas impulsionadoras” no bem estar nas mais diversas áreas, salientando que as mesmas são “verdadeiro pilares da ação governativa e evidenciam a firmeza da ação do Governo Regional junto da pessoa idosa”.
No seu todo, as universidades seniores fazem também parte “imprescindível do edifício social construído ao longo destes quase 50 anos de autonomia, elevando a dignidade e relevância, e convidando a trilhar novos caminhos”, no caso específicos aos idosos.
Leonel Silva, o presidente da autarquia local, falou muito com o coração, tal como, de resto, foi comum a todos os oradores. Desde logo verificou que a plateia na sua esmagadora maioria era formada por mulheres, o que não o surpreendeu porque “é precisamente o reflexo da sua maior força, maior resiliência e solidariedade no sentido de cuidar do próximo”. “Vamos viver, não fiquemos na prateleira”, incentivou, realçando que “a vida é uma escolha e vocês fizeram a escolha de ter uma idade sénior muito ativa, experienciar coisas novas que, porventura, a vossa juventude não proporcionou”, esperando que estas escolhas acertadas possam contagiar muitos outros.
Já no período da conferência propriamente dita, Rubina Leal abordou a ‘Formação ao longo da vida”, aqui se evidenciando que a primeira universidade sénior no arquipélago se deu no Funchal, sob a tutela da vereação de Rubina Leal. “Envelhecer é coisa boa e de facto tinha de haver uma intervenção dos governos nessa matéria”, conforme justificou esse pioneirismo.
Rubina Leal considera que dessa primeira experiência, “servimos de exemplo para o aparecimento de outras, que nos pediram opiniões e sugestões”, não tendo dúvidas de que este “é um projeto ganho”.
Disse também que “num mundo sempre em mudança, é necessária uma aprendizagem continua e esse conhecimento não poder ser um privilégio apenas de alguns, mas sim tem de estar ao alcance de todos”. Aliás, acentuou, “este é também um reflexo do caminho percorrido depois da autonomia, em que todos têm acesso e não apenas os jovens, mas também os menos jovens”.
Carolina Manica (“Alimentação na Terceira Idade”) e Ana Clara Silva (“Olhares sobre o Envelhecimento”) são também oradoras, numa sessão formativa que se prolonga até final da tarde.