O cabeça de lista do CDS-PP às eleições na Madeira reafirmou hoje que o partido está disposto a dialogar depois das eleições com todas as forças partidárias para viabilizar um Governo Regional estável para quatro anos.
“O CDS falará, depois das eleições, depois do povo votar, com todos os partidos para encontrar uma solução de governo estável para quatro anos, na certeza que esse entendimento não pode ferir os princípios democratas”, disse José Manuel Rodrigues aos jornalistas no Miradouro da Torre, um local “icónico” de Câmara de Lobos, depois de ter feito contactos com a população no centro da localidade.
O líder centrista, que desde 2019 é presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, fruto do acordo que celebrou com o PSD, realçou que o CDS-PP foi “o único partido que teve responsabilidade” na gestão da crise política regional, perspetivando que “isso vai ser premiado no próximo domingo pelos eleitores”.
José Manuel Rodrigues insistiu que “o PSD revelou incapacidade quer na resolução dos seus problemas com a justiça, quer na solução dos seus problemas internos e suas divisões, quer também na falta de capacidade negocial com os outros partidos”.
Quanto à esquerda, considerou que “ultrapassou todas as linhas vermelhas, aliou-se à extrema-direita para derrubar o Governo [Regional], para ficar a Madeira sem orçamento e plano para 2025”.
“Isto é incapacidade e irresponsabilidade”, sublinhou.
O candidato abordou neste décimo dia da campanha eleitoral o tema do custo de vida e também dos salários e dos impostos.
“A Madeira tem o custo de vida mais alto do país e tem os salários médios mais baixos do país. Isto cria enormes problemas aos cidadãos e às famílias”, opinou.
No seu entender, este problema “só se resolve controlando a inflação na Madeira, que é 3.6, a maior do país e uma das maiores da União Europeia, valorizando os salários para que a inflação não engula os aumentos salariais, reduzindo o IRS (Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas) e reduzindo também o IVA (Imposto Sobre o Valor Acrescentado) que incide sobre os produtos essenciais”.
Rodrigues também defendeu a criação de “um salário de referência para os jovens licenciados quando entram no mercado de trabalho”.
“A Madeira tem vindo a crescer em termos e Produto Interno Bruto (PIB), há também taxas de crescimento económico assinaláveis, ligadas ao turismo e aos serviços e à tecnologia, mas a verdade é que não se reflete na vida das pessoas”, argumentou.
O candidato reforçou que a região tem “uma classe média que está a empobrecer” porque a Madeira tem “uma taxa de inflação muito alta, os salários não têm acompanhado a taxa de inflação e os impostos precisam claramente de ser reduzidos, quer de 30% em todos os escalões do IRS, quer nas três taxas do IVA”.
“Só assim conseguimos baixar o custo de vida na região e dar melhores condições de vida às pessoas”, concluiu.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem no domingo, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega – que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) – e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).