A candidatura da coligação Força Madeira (PTP/MPT/RIR) às eleições antecipadas do dia 23 defendeu hoje a criação de zonas de reserva agrícola para travar a pressão imobiliária e salvaguardar a atividade agrícola e a paisagem agricultada da região.
“Nós não podemos destruir tudo à nossa passagem. Nós corremos o risco de os nossos netos, no futuro, não saberem o que é um socalco verdejante, porque vai estar tudo cultivado, mas é com mamarrachos e urbanizações”, alertou a cabeça de lista, Raquel Coelho, apelando a uma “melhor administração do território”.
A candidata, também líder regional do PTP, falava aos jornalistas na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, nas zonas altas do concelho de Câmara de Lobos, contíguo ao Funchal a oeste, uma das regiões com maior produção de uvas para vinho Madeira, onde a coligação esteve hoje em campanha.
“Agora, com a pressão urbanística, com a necessidade de se construir casas, os melhores terrenos para a prática da agricultura estão a ser alvo dos interesses imobiliários e, infelizmente, se não criarmos medidas para proteger os melhores terrenos para a agricultura, corremos o risco de, no futuro, ter de fazer o vinho Madeira com uva que vem de fora”, avisou Raquel Coelho.
A cabeça de lista da Força Madeira defende, por isso, a elaboração de “medidas específicas” ao nível da Assembleia Legislativa, nomeadamente a criação de zonas de reserva agrícola e o reforço dos apoios e subsídios aos agricultores.
“A prática da agricultura na Madeira é muito difícil e dura devido à orografia da região e só com o apoio do Estado, da Região e da União Europeia é que podemos manter as nossas tradições”, argumentou, considerando que se os agricultores não forem “devidamente subsidiados e apoiados” vão abandonar os terrenos e vendê-los para a construção.
“O Estreito de Câmara de Lobos corre o risco de se tornar um segundo Caniço [cidade da zona leste da ilha], uma construção desordenada, blocos de apartamentos no meio de latadas de vinha, no meio de bananeiras”, alertou.