Há 30 anos atrás, em 1995 ocorre o “annus mirabilis” da Britpop.
Qualquer melómano que se preze, mesmo que não aprecie (por uma questão de gosto pessoal), o movimento cultural que foi a Britpop, não pode ficar indiferente ao mesmo, mas não pelos números, números são apenas números, e muitas das vezes (como hoje se assiste) mascaram a mediocridade da harmonia, da melodia, e do ritmo, sendo alimentados por máquinas de marketing.
Este movimento cultural, não sendo um género musical “per se”, deu palco e visibilidade a uma miríade de grupos musicais, não só dentro de portas, Reino Unido, mas pelo Mundo, permitindo ao lado alternativo da música se tornar dominante – mainstream- durante um período limitado de tempo.
Na cena musical, é corrente afirmar que a Britpop aparece como resposta ao Grunge, não possuindo eu inteira propriedade para o fazer, julgo ser uma análise demasiado redutora, e que limita o mérito das duas correntes de Rock alternativo, que vão sorver o seu estilo e forma, a diversos géneros pois ambos são resultado de vivências e de contexto social (por exemplo, o lado mais sombrio, urbano-depressivo, quase angustiante do grunge assim o reflete) e são dois expoentes máximos da melhor música que ecoa pelo éter ainda hoje, arrisco que são músicas eternas e linguagem universal.
Este conceito de Britpop não é consensual, pois a origem dos grupos que o constituem, ligados ao lado mais alternativo da música, portanto de nicho e maior complexidade, rejeitam-no, como é o caso dos Oasis e Blur por exemplo.
Estes 2 grupos fazem parte do expoente máximo da Britpop, sendo os representantes por excelência dos” Big four”,
Suede, de Brett Anderson, com a excelência de Trash e Saturday Night;
Pulp, de Jarvis Crocker por exemplo com o seu álbum Different Class, com músicas incontornáveis como, Disco 2000 ou Common People;
Blur, de Damon Albarn, com o album, The Great Escape, com o single campeão, Country house e Charmeless man;
Oasis, dos irmãos Gallagher, com o álbum campeão da britpop, What´s the story (Morning glory) – com as mais conhecidas, Don’t look back in anger e Wonderwall.
Estes dois últimos grupos entraram numa contenda que fez várias primeiras páginas e ficou conhecida como a “The battle of britpop”, num confronto direto entre 2 singles em 1995, Blur com Country House vs Oasis com Roll with it, saindo vencedor da batalha os Blur com maior número de vendas, mas os Oasis obtiveram um muito maior sucesso com o Álbum.
Hoje em dia parece faltar identidade à música, se retirarmos da equação a música Indie, poucos ou nenhuns movimentos culturais se revelam. Na minha visão sobre o espectro da música actual sou catastrofista, pois acredito que daqui a 20 anos ninguém ouve nenhuma das músicas que pululam os tops actuais, falta-lhes identidade, densidade e acima de tudo qualidade, parece-me que a música é dominada por um marketing agressivo e por um controlo sobre as playlists que passam nas rádios de maior audiência, que coartam qualquer hipótese de movimentos de qualidade emergirem.
Movimentos como a Britpop, aportam valor ao mundo da música e permitem visibilidade a grupos de nicho.
Saudosos anos 90, sou um confesso admirador dos Big four, sendo os Oasis o meu grupo de eleição dentro do movimento (alguns colocam Radiohead dentro deste movimento, mas eu considero que estes últimos são de um subgénero à parte, como é o Art Rock).
30 anos passaram, e apesar de não terem lugar nas rádios mainstream, no éter de qualidade, continuam a ecoar até ao infinito, ouçam boa música.