O Padre Agostinho Jardim Gonçalves No Repouso de Deus

No Seminário do Funchal matricularam-se em 1932 cerca de trinta jovens da diocese, num tempo em que eram numerosos os que por diversos motivos perfaziam o número de 120.

Entre eles, havia alguns que eram externos, devido a viverem perto, e a grande Casa Verde do Seminário não comportar mais estudantes. O estudante Maurílio vivia em sua casa, enquanto o Jardim, como a sua mãe, preferiram o Seminário, assim como a minha família.

A mãe do Jardim era uma professora excelente, dirigia um Colégio onde todos nele, eram educados como seus filhos.

Aconteceu que eu, como seminarista, era convidado a visitar a sua casa, até nas férias para as refeições. A família não era rica de bens materiais, mas uma professora como aquela não se encontrava na cidade.

O Agos, como era conhecido, foi criado num ambiente de bem-estar, e de alta consideração, pois a mãe era muito querida, talvez de uma família decaída.

O pai era músico violoncelista nas festas religiosas na freguesia de Santo António do Funchal. A família tinha 4 filhos, sendo todos rapazes bem-educados.

O Agos, como era conhecido, era um jovem superdotado, muito vivo, alegre, músico, fazendo parte dos coros da Catedral.

A liturgia ainda era cantada em gregoriano, nos domingos, devido, ao coro da catedral, rezar uma parte dos ofícios divinos era da nossa responsabilidade, Jardim, Vidal, Maurílio, Teodoro.

O nosso ano era considerado pelos estudos, piedade, caridade, festas, teatro. O Reitor não escondia a nossa qualidade, só apenas um não quis ser ordenado. O Padre

Maurílio, devido em férias ir ajudar à missa ao Senhor Bispo, foi o primeiro a ser ordenado e mais tarde bispo, o Padre Jardim foi ordenado comigo, com outros dois mais novos.

O padre Maurílio foi colocado em Machico, o Padre Jardim foi depois para Machico, mais tarde amou tanto a paróquia que fez testamento dos seus livros.

Eu fui colocado coadjutor de Santo António e capelão da Casa de Saúde de São de Deus, no Trapiche.

O Padre Jardim foi colocado para a Ação Católica na Bélgica, quando estava como estudante em Roma e depois Vice-Reitor, o Padre Jardim passava por Roma, em serviços da Santa Sé.

Por aquilo que consta, o Vaticano apreciava os seus serviços e devia ter pensado em dar-lhe uma diocese, mas foi impedido, talvez por um outro que não rezava pelo mesmo catecismo, embora estivesse agora como secretário do Cardeal de Lisboa.

Um outro obstáculo familiar veio adensar um grande banqueiro ligado ao Opus Dei que não estava de acordo com a sua conduta. O padre Jardim tinha as mãos limpas, mas doía-lhe o que os seus sobrinhos conseguiam da sua mãe, para cavalos e carros de luxo. Retirou-se para a casa sacerdotal do Patriarcado, onde Deus veio levá-lo para o seu Repouso.

Um outro servo autêntico, o Padre António Vidal Pereira Dias, homem santo, também foi um dos chamados para este Repouso, reduzindo o número de seis a dois no ano passado.

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