A Defesa Civil de Gaza afirmou hoje que morreram na última semana seis recém-nascidos no enclave palestiniano devido ao frio, uma tragédia que o movimento extremista palestiniano Hamas atribui às “políticas criminosas” de Israel.
“Devido a uma vaga de frio intenso e à falta de aquecimento, registámos a morte de seis recém-nascidos durante a última semana até hoje”, afirmou o porta-voz da Defesa Civil palestiniana, Mahmoud Baçal, à agência francesa AFP.
Cinco das crianças morreram no norte da Faixa de Gaza e a sexta morreu em Khan Yunis, uma cidade no sul do território palestiniano, acrescentou o porta-voz.
O diretor dos hospitais de campanha de Gaza, Marwan al-Hams, confirmou as informações transmitidas pelo porta-voz da Defesa Civil, e frisou que “a Faixa de Gaza precisa de um novo sistema de saúde, uma vez que a maior parte dos hospitais estão destruídos e não podem fornecer os tratamentos necessários à população”.
Al-Hams sublinhou que “os hospitais do norte da Faixa de Gaza não são suficientes para prestar serviços aos cidadãos após o seu regresso aos seus locais de residência”, referindo-se à chegada das milhares de pessoas deslocadas oriundas de outras partes do enclave, na sequência do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em vigor desde 19 de janeiro.
Al-Hams apontou que “são urgentemente necessários geradores, bem como máquinas de oxigénio, para cobrir as operações nas unidades de cuidados intensivos”, como noticiou o diário palestiniano Filastin.
“Temos uma longa lista de doentes que precisam de tratamento fora da Faixa de Gaza”, lamentou o diretor dos hospitais de campanha de Gaza, que afirmou que, apesar de “algumas equipas médicas terem entrado em Gaza, o número de especialistas continua a ser insuficiente”.
Segundo o Hamas, “a morte de seis recém-nascidos em Gaza devido ao frio e à falta de aquecimento, bem como o estado crítico de várias crianças, é o resultado das políticas criminosas do governo fascista de ocupação [Israel] e dos seus obstáculos à entrada de ajuda humanitária e de material para a construção de abrigos para mais de dois milhões de pessoas”.
O movimento palestiniano criticou novamente “o silêncio contínuo da comunidade internacional perante a catástrofe sem precedentes na Faixa de Gaza devido à agressão e ao cerco sionista criminoso”, referindo-se à ofensiva lançada por Israel na sequência dos ataques perpetrados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas e fez cerca de 250 reféns, a maioria das quais civis, segundo dados do Governo israelita.
“Apelamos aos mediadores para que tomem medidas imediatas para pôr fim à violação do cessar-fogo por parte da ocupação, para a obrigar a aplicar o protocolo humanitário que lhe está associado e para assegurar a entrada de abrigos, aquecimento e material médico urgente para a população de Gaza, a fim de proteger as crianças, 17.000 das quais foram mortas pela brutal guerra de extermínio nos últimos 15 meses”, reiterou o grupo palestiniano.
As autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas desde 2007, estimam que cerca de 48.350 pessoas foram mortas pela ofensiva militar de Israel contra o enclave, em resposta aos ataques do movimento palestiniano.
O Hamas acusa Israel repetidamente de não cumprir parte dos compromissos em matéria humanitária no âmbito do acordo de cessar-fogo mediado pelo Qatar, Egito e Estados Unidos, em vigor desde 19 de janeiro, e tem apelado à comunidade internacional para pressionar o Governo israelita para que autorize a entrada de mais maquinaria pesada, habitações pré-fabricadas e ajuda humanitária em Gaza.
Apesar do cessar-fogo, o qual permitiu o aumento do fluxo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, centenas de milhares de palestinianos continuam a viver em tendas nas vastas áreas destruídas por 15 meses de guerra.