1. NA REPÚBLICA DAS BANANAS tudo é permitido. Os últimos meses da política madeirense são exemplificativos do nosso atraso democrático. Purgas partidárias, silenciamento das vozes críticas e anulação de assinaturas para impedir a convocação de um congresso extraordinário. Até chegaram ao cúmulo de fechar as sedes partidárias. Como vai o PSD/Madeira zelar pelo regime democrático, se não respeita a democracia dentro do seu próprio partido?
2. FUNDO DO POÇO. Enquanto o resto do país ruboriza com a crise política da Madeira, aqui esfrega-se o sal na ferida. O PSD/Madeira além de apresentar, sem qualquer pudor, uma candidatura de detidos, suspeitos e arguidos, Miguel Albuquerque ainda tem a audácia de apresentar Pedro Calado, como o director de campanha no Funchal. Obviamente, só uma região distante do continente europeu, vítima de anos e anos de isolamento, de défice democrático e de graves crises de subsistência, toleraria e escolheria, durante tanto tempo, um regime deste calibre.
3. PERDIDOS POR CEM, PERDIDOS POR MIL, já ninguém no PSD/Madeira está preocupado em apresentar uma equipa formada por pessoas idóneas e acima de qualquer suspeita. Seria o mínimo expectável. A prioridade é segurar o poder, para tentar escapar à justiça e escudar-se na imunidade parlamentar. É o que se chama de fuga para a frente. Um ato de desespero.
4. O BOTA-ABAIXO. Cada vez que se aproximam as eleições, o debate político e as críticas tendem a subir de nível entre os partidos. Algo perfeitamente normal e saudável em qualquer democracia. Menos na Madeira. Curiosamente, mal o debate político sobe de tom, começa logo o discurso moralista a condenar os políticos pelas críticas que fazem. São sempre interpretadas de forma depreciativa – pelo discurso do bota-abaixo. Talvez seja este o resultado de 40 anos de fascismo, seguido de mais 40 anos de jardinismo. Formámos uma população amorfa e profundamente intolerante à crítica.
5. APRESENTAR PROPOSTAS. Não sei quem lançou, na Madeira, a ideia peregrina que os partidos servem apenas para apresentar propostas. É que a coisa pegou. Se nos preocupamos com a democracia, temos de saber o que são os partidos e que funções cumprem para a democracia, sobretudo se estiverem na oposição. Os partidos da oposição fiscalizam o governo, contestam e apresentam alternativas de forma a garantir o equilíbrio de poderes e o respeito pela democracia. É uma visão muito primária da política, achar que os partidos só servem para debitar propostas. Como se alguém fosse reinventar a roda. O que precisamos é de boas práticas e, essencialmente, de pessoas honestas e competentes.
6. CONTROLE DO PODER. Num ambiente onde as opiniões divergentes não são bem-vindas ou são sistematicamente marginalizadas, rapidamente a sociedade se torna homogénea, pouco transparente, ficando sujeita à corrupção e ao autoritarismo. Foi o que nos sucedeu. Não é por acaso, que temos o mesmo partido no poder há 49 anos, apesar de mais de metade do Governo Regional da Madeira estar acusado de crimes de corrupção. As pessoas queixam-se pela crítica constante dos partidos, mas esquecem-se, que foi precisamente por falta dela que caímos no fundo do poço.