No passado dia 2 de fevereiro, comemorou-se o Dia do Vigilante da Natureza, uma data importante que nos dá o mote para refletir sobre o papel fundamental que estes profissionais desempenham na proteção do nosso património natural. Perante os crescentes desafios ambientais globais que se nos colocam, desde as alterações climáticas à degradação dos ecossistemas e redução da biodiversidade, os Vigilantes da Natureza emergem como verdadeiros pilares na defesa e preservação dos recursos naturais, atuando na linha de frente de uma missão que transcende fronteiras e contextos.
Na Região Autónoma da Madeira, esta responsabilidade ganha contornos especialmente notáveis. Desde a sua criação, em 1993, e fruto do seu excelente trabalho, o Corpo de Vigilantes da Natureza da Madeira tem-se destacado como uma referência em Portugal. Em 2021, a Madeira foi pioneira ao aprovar um regime legal específico para esta carreira, promovendo avanços significativos, como a valorização salarial, o aumento dos suplementos de risco e penosidade e o reconhecimento das condições desafiantes enfrentadas por estes profissionais.
Ciente da importância do Corpo de Vigilantes para a Região, o Governo Regional atribuiu-lhe, em 2016, a Medalha de Prata de Mérito Turístico, evidenciando o contributo inestimável destes profissionais para a conservação da natureza e para o desenvolvimento de um turismo sustentável na nossa região. Atualmente, a Região conta com 42 vigilantes, um número recentemente reforçado com a entrada de 9 novos elementos, e que fazem com que sejamos a região do país com o maior número de vigilantes em relação à sua área protegida.
As funções dos Vigilantes da Natureza são amplas e diversificadas. Eles atuam na fiscalização e conservação das áreas protegidas, na prevenção e deteção de incêndios florestais e no apoio a operações de proteção civil. Além disso, estão fortemente envolvidos em projetos de conservação de espécies emblemáticas, como a freira-da-madeira e o lobo-marinho, e na sensibilização das comunidades para a importância da biogeodiversidade.
As ações realizadas apenas em 2024 ilustram perfeitamente este compromisso. Foram conduzidas cerca de 140 intervenções para a conservação da freira-da-madeira e eliminação de espécies invasoras, mais de 55 iniciativas para apoiar os agricultores no âmbito dos trabalhos de preservação do pombo-trocaz e, no âmbito do SOS Vida Selvagem, recolhemos mais de 325 aves selvagens. Foram realizadas mais de 80 ações de sensibilização que englobaram palestras e limpezas em praias e áreas costeiras e ultrapassaram-se as 1460 intervenções relacionadas com a vigilância e fiscalização das áreas protegidas, das quais resultou a emissão de cerca de 10 autos de notícia.
Um destaque especial deve ser atribuído ao papel dos Vigilantes na salvaguarda da soberania portuguesa sobre as ilhas Selvagens, o ponto mais a sul do nosso país. Há décadas, a presença contínua destes profissionais, muitas vezes em condições adversas, enfrentando períodos de isolamento causados pelas difíceis condições marítimas ou mesmo ameaças de indivíduos que tentavam explorar ilegalmente os seus recursos naturais, reafirma o seu papel estratégico na proteção do nosso território.
Os Vigilantes da Natureza são muito mais do que meros operadores de fiscalização. Eles são os guardiões de uma política ambiental estruturada e direcionada que procura beneficiar toda a sociedade. O seu compromisso, dedicação e coragem são fonte de inspiração para todos nós e demonstram que a preservação dos nossos ecossistemas requer, acima de tudo, paixão e resiliência. Presto, desta forma, a minha mais sincera homenagem a estes profissionais. Que o seu exemplo continue a demonstrar a necessidade de uma convivência harmoniosa entre o ser humano e a natureza, reforçando o nosso compromisso com a proteção do património natural que é, de facto, um dos nossos bens mais preciosos.