Na semana passada foi publicado, no Expresso, um ensaio de Ian Goldin, Professor de Oxford, onde o autor mostrou o impacto económico das migrações, desconstruindo mitos, perceções erradas e falácias. No fundo, expôs a ignorância atrevida dos xenófobos.
Quem acompanha, conhece, estuda e pensa o fenómeno das migrações chega, muito rapidamente, a uma única conclusão: as migrações são idiossincráticas à humanidade, sem as quais não teria sido possível a diversidade (genética, cultural, social, intelectual) que garante a nossa sobrevivência enquanto espécie e promove o desenvolvimento e o progresso civilizacional.
Há agentes políticos que fazem vida da xenofobia – na Madeira também temos dessa categoria de gente! -, que afirmam alarvidades para obtenção de likes nas cloacas das redes sociais, e para ganhos eleitorais. Esta semana tivemos políticos a mentir e a fazer insinuações sobre os migrantes. A primeira, foi associar o aumento de pedidos de legalização de cartas de condução, na Madeira, ao fluxo imigratório. A segunda foi insinuar que os imigrantes são parasitas sociais e criminosos, o que é uma mentira ultrajante!
As políticas públicas têm de ser suportadas em factos e em conhecimento, não em ideias-feitas e mitos. É isso que o Governo Regional tem feito, promovendo medidas que visam a integração daqueles que vêm para a Região contribuir para o nosso desenvolvimento económico, social, cultural e humano. Não vale a pena escamotear: as migrações trazem desafios emergentes, é certo, para os quais é necessário encontrar resposta, mas constituem-se, simultaneamente como uma das maiores potencialidades das economias ocidentais. Sem migrações, as economias do ocidente definharão.
E como a forma mais eficaz de combater a demagogia, o populismo, a ignorância atrevida (meu Deus, e como há tantos ignorantes, em todos os partidos do espetro político nacional!) é através da verdade dos factos, vamos a eles. A imigração tem um impacto positivo nas economias dos países de acolhimento pois permite o aumento do PIB: Estudos mostram que os países com maiores populações estrangeiras tendem a crescer mais rapidamente. Os imigrantes também ajudam no preenchimento de lacunas no mercado de trabalho em áreas que os nacionais evitam, como a agricultura, a construção civil, cuidados a idosos, serviços de limpeza, hotelaria e restauração.
A sua contribuição fiscal é positiva pois pagam mais impostos do que recebem em benefícios sociais, ajudando a financiar serviços públicos como a saúde e a educação. Em 2024, o total de estrangeiros correspondia a 10% da população, mas as suas contribuições para a Segurança Social representaram 12%. Não haveria dinheiro para pagar pensões, se não tivéssemos estas contribuições.
A literatura técnica também mostra que criam empregos e promovem o aumento de salários dos trabalhadores sem ensino superior, sem prejuízo para os mais qualificados. São contribuidores líquidos para o desenvolvimento e inovação. Nos EUA, mais de 60% dos diretores de empresas tecnológicas são estrangeiros. As migrações também ajudam a compensar o declínio populacional e a rejuvenescer a população. Também não representam peso adicional para o Sistema de Saúde porque são, na maioria, jovens, sem patologias associadas. Outro erro é associar imigrantes a atividades criminosas, quando todos os relatórios apontam para o facto da taxa de criminalidade dos imigrantes ser mais baixa do que entre cidadãos nativos. Não sou eu que o afirmo: são os factos!
Conclusão: as migrações são positivas. É essencial mostrar esses benefícios para combater o populismo e reduzir o medo infundado, desenvolvendo, paralelamente, políticas de integração que passem pelo investimento na formação de língua portuguesa, diálogo intercultural, formação profissional, com vista a garantir que os migrantes passam da mera condição de indivíduos, a cidadãos com plenos direitos, com contribuição líquida para o desenvolvimento integral!