O grupo islamita palestiniano Hamas acusou hoje as autoridades israelitas de violarem os seus compromissos humanitários no âmbito do cessar-fogo na Faixa de Gaza, atrasando e obstruindo a entrada de ajuda no enclave palestiniano.
“A ocupação israelita continua a evitar a implementação da via humanitária do acordo de cessar-fogo”, acusou o porta-voz do grupo islamita, Hazem Qasem, acrescentando que Israel está a impedir a entrada “dos materiais mais importantes e urgentemente necessários”, como tendas, combustível e maquinaria pesada para remover os destroços.
“O que foi aplicado neste sentido é muito inferior ao mínimo acordado, o que reflete uma clara falta de compromisso com a questão humanitária”, lamentou o representante do Hamas, apelando aos mediadores para intervirem a fim de serem corrigidas “as deficiências na aplicação do protocolo humanitário do acordo” de cessar-fogo.
A ofensiva israelita contra Gaza “causou grande destruição, especialmente no norte da Faixa, onde a ocupação destruiu todos os aspetos da vida, incluindo a quase totalidade das casas, hospitais, poços, escolas e infraestruturas”, assegurou.
Um alto membro do grupo, Osama Hamdan, adiantou que os mediadores iniciaram contactos para a segunda fase do cessar-fogo, mas acusou a “procrastinação por parte do inimigo” e a sua vontade de “criar problemas” na aplicação do acordo.
Hamdan defendeu que a segunda fase de negociações deve abordar questões relacionadas com a reconstrução do enclave, uma declaração de cessar-fogo permanente e novas trocas de reféns e prisioneiros.
“Estas negociações podem demorar algum tempo, mas queremos que o nosso povo tenha uma hipótese de reconstrução e estabilidade”, disse.
O responsável rejeitou ainda que a ofensiva de Israel tenha provocado um vazio de poder na ala militar do grupo, as Brigadas Ezzeldín al-Qassam, apesar da morte do seu líder, Mohammed Deif, e de vários dirigentes devido aos ataques israelitas contra Gaza.
“Os mártires” que tinham posições de liderança nas Brigadas “foram imediatamente substituídos”, argumentou, citado pelo diário palestiniano Filastin, ligado ao grupo.
“Não há preocupação nenhuma sobre a estrutura das Brigadas Ezzeldín al-Qassam”, garantiu ainda, reiterando o seu apoio à criação de um “governo de unidade nacional” na Faixa de Gaza.
“Se tal não for possível, estamos abertos a todas as opções. É possível chegar a acordo sobre um mecanismo específico e temos ideias para formar uma administração nacional”, concluiu.