Esta semana fomos surpreendidos pelo alegado roubo de malas do deputado Miguel Arruda. Se até então era um deputado desconhecido, saltou para a ribalta e para as notícias, por alegadamente roubar malas nos aeroportos e depois alegadamente vender os seus conteúdos online numa conta da Vinted. A situação gerou uma enxurrada de críticas e especulações, mas, antes de apontarmos dedos ou ridicularizarmos, precisamos refletir sobre algo mais profundo: o que pode levar uma pessoa em posição de destaque a agir de forma aparentemente tão incoerente com os valores que deveria defender? Toda a história tem sinais humorísticos e memes fora de série.
O comportamento de Miguel Arruda pode não ser apenas fruto de impulsos ou má-fé, mas sim o reflexo de uma condição psicológica subjacente, caso tudo isto que se ouviu seja alegadamente real, isto só pode ser cleptomania.
Este é um transtorno caracterizado pela incapacidade de resistir ao impulso de furtar objetos, independentemente do seu valor ou utilidade. Diferente de um ato de má intenção, a cleptomania está profundamente ligada a questões emocionais, como ansiedade, tensão ou até mesmo depressão. A pessoa, muitas vezes, sente alívio momentâneo após o ato, seguido de uma onda de culpa e vergonha.
Outra possibilidade que merece atenção é a de Arruda sofrer de transtorno de acumulação compulsiva, onde a necessidade de possuir ou guardar objetos se torna incontrolável. Esse comportamento, embora incompreendido por muitos, é amplamente reconhecido como um transtorno mental que pode causar sofrimento significativo, tanto para quem o vive quanto para aqueles ao seu redor.
Mas tenho a certeza de que existirão médicos e psiquiatras para analisar e fazer um diagnóstico, se que seja necessário.
Olhando para além do escândalo, é fundamental que, como sociedade, mostremos empatia e busquemos entender as possíveis causas de comportamentos como este. Miguel Arruda não precisa apenas de críticas ou julgamentos; ele pode precisar de ajuda. Se realmente estiver a lidar com alguma desses condições, a nossa prioridade deveria ser uma maior consciencialização para as doenças mentais. Muitas vezes essas doenças são incompreendidas.
Errar é humano, e compreender as fragilidades que levam aos erros é o caminho para uma sociedade mais justa e solidária. Afinal, por trás do político existe uma pessoa, que, como todos nós, também carrega as suas lutas.
Atenção não quero desculpar ninguém, nem minimizar nada, porque só quem perde as malas num aeroporto sabe as dificuldades e o transtorno que causa, seja de regresso a casa, seja na ida para qualquer destino de férias ou em trabalho. Sem dúvida, perder uma mala no aeroporto é uma experiência frustrante e perturbadora. Quem passa por isso enfrenta transtornos, custos inesperados e um sentimento de violação pessoal que é legítimo e merece total solidariedade. No entanto, enquanto lidamos com as consequências para as vítimas, também devemos olhar para o outro lado da moeda: há pessoas que agem assim não por maldade, mas porque estão presas em lutas internas invisíveis, como um transtorno psicológico.