O professor João Lemos, presidente da AICA, participou como orador na conferência ‘O turismo e o desenvolvimento sustentável’, realizada ontem na Escola Básica e Secundária da Calheta. O evento foi direcionado a alunos do Ensino Secundário e do curso de Turismo. Durante a sua intervenção, apresentou diversas reflexões sobre o papel do turismo como motor para o desenvolvimento sustentável.
Em nota de imprensa, João Lemos afirmou que “o turismo pode ser um motor para o desenvolvimento de muitos territórios, desde que tenha produtos e recursos turísticos que permitam a afirmação do setor, assim como atividades complementares, caso das ilhas da Madeira e do Porto Santo. O turismo pode contribuir para reforçar os valores próprios de um lugar, reafirmar a cultura local e abrir a sociedade às influências do exterior”. Acrescentou ainda que o sucesso do setor depende da participação de atores públicos, privados e da população local, através de estratégias integradas de construção de destinos e produtos turísticos.
O professor deixou diversas sugestões relacionadas com o desenvolvimento sustentável, destacando as seguintes propostas:
“- Construção de lagoas a cotas intermédias (700 a 800 m de altitude) na Ilha, a fim de recolher a água das chuvas, evitando a chegada ao mar. Criar redes de água de rega nos principais núcleos urbanos: cidades e vilas (contadores nas casas e pagamento às Câmaras) para evitar o gasto da água potável que continuará a diminuir no futuro, devido às alterações climáticas.
– Promover um novo modelo de desenvolvimento para a Madeira que tenha por objetivo preservar os recursos naturais, que proporcione maior diversidade de atividades, apostando na economia do mar, na agricultura e nas energias renováveis, entre outras.
– Fazer o levantamento de todo o património natural e construído por concelho, visando a criação de cartas do património, permitindo o surgimento de novos itinerários turísticos e diversificar a oferta municipal, salvaguardando os vários recursos naturais e construídos, como forma de atenuar a afluência turística aos atuais pontos turísticos mais visitados.
– O Governo Regional deveria dispor de uma política pública que tivesse como meta o desenvolvimento sustentável apoiado no turismo. Neste sentido, a Região terá de apostar mais nas energias renováveis, nos transportes “amigos do ambiente” (elétricos, a energia solar, etc.). Os autocarros de serviço público deveriam ser todos elétricos ou a gás natural. As piscinas públicas deveriam ser aquecidas através dos painéis solares e existência de pequenas ETARs nos diversos concelhos para reciclar as águas residuais e reutilizar.
– Preparar a RAM como destino de turismo sustentável, incentivando os empresários a implementarem sistemas de energias limpas, através da utilização de painéis solares, reutilização das águas nas respetivas unidades de alojamento e maior aposta nas tecnologias.”
Para o concelho da Calheta, João Lemos destacou a necessidade de diversificação da oferta turística, com maior promoção do agroturismo e estudo sobre o impacto do Alojamento Local no território. Sugeriu também a criação de um Conselho do Turismo e do Património, bem como a instalação de postos de informação turística em todas as freguesias do concelho.
Na mesma nota de imprensa, o professor salientou que, embora o turismo tenha contribuído para o desenvolvimento da Calheta, é essencial definir estratégias de curto, médio e longo prazo para assegurar o futuro sustentável do setor e preservar as características naturais e culturais do território.