O mundo está a mudar vertiginosamente. A pandemia e a ascensão da inteligência artificial são exemplos de acontecimentos imprevisíveis que moldam a forma como trabalhamos. Já a saúde mental tornou-se uma crise global. A força de trabalho mais jovem é especialmente vulnerável, experienciando elevados níveis de ansiedade, stress e burnout. Neste ambiente turbulento, as organizações precisam de adotar novas estratégias para apoiar a sua força de trabalho. Um conceito-chave é o da antifragilidade.
Ao contrário da resiliência, que consiste em recuperar face à adversidade, a antifragilidade vai um passo além. Consiste na capacidade de se fortalecer a partir dos desafios, prosperando perante a incerteza e a disrupção. Em vez de se limitarem a resistir a choques externos, os sistemas antifrágeis ganham ativamente com eles. Este conceito, introduzido por Nassim Nicholas Taleb, aplica-se não só a economias ou ecossistemas, mas também a locais de trabalho. Para quem enfrenta incerteza constante, adotar uma mentalidade antifrágil significa sobreviver, mas também prosperar face à mudança. Transforma a adversidade em oportunidade de crescimento, criando uma força de trabalho forte e adaptável, capaz de navegar em ambientes complexos.
Para nos tornarmos antifrágeis, necessitamos de desenvolver um conjunto de competências: 1) Versatilidade e flexibilidade, sendo adaptável e disposto a aprender novas competências; 2) Agilidade de aprendizagem, procurando continuamente novos conhecimentos e aplicando-os rapidamente a novas situações; 3) Gestão da incerteza, aceitando a ambiguidade e aprendendo a tomar decisões com informação limitada; 4) Navegar em situações de rutura, prosperando onde a mudança é a única constante.
Também os líderes devem promover uma cultura de antifragilidade, através das seguintes atuações: 1) Abraçar a intuição e a vulnerabilidade, ouvindo mais, dirigindo menos e reconhecendo os limites; 2) Facilitar a colaboração, criando um espaço onde todos se sintam capacitados para contribuir e crescer; 3) Iluminar o futuro, desenvolvendo uma visão partilhada que inspire a abraçar a mudança.
Finalmente, os Recursos Humanos desempenham um papel crucial na criação de organizações antifrágeis, adotando as seguintes medidas: 1) Abordar as barreiras sociais e estruturais, assegurando que o local de trabalho é inclusivo; 2) Eliminar os estigmas em torno da saúde mental, criando um espaço seguro para os colaboradores discutirem o seu bem-estar sem receio de discriminação; 3) Oferecer apoio psicológico, através de aconselhamento, programas de gestão do stress e ferramentas de work-life balance; 4) Promover uma mentalidade de crescimento onde os desafios são vistos como oportunidades para crescer, oferecendo programas de desenvolvimento contínuo, encorajando os colaboradores a adotarem novas competências e a adaptarem-se à mudança; 5) Criar resiliência através da flexibilidade, promovendo iniciativas como horários de trabalho flexíveis, opções de trabalho remoto e planos de bem-estar personalizados.
Em suma, urge remodelar o local de trabalho para promover uma cultura que não só apoie a saúde mental, mas também encoraje o crescimento através da adversidade. O futuro pertence àquele que consegue transformar o caos em força – o colaborador Antifrágil. Parafraseando Nassim Nicholas Taleb: “O princípio geral da antifragilidade: é muito melhor fazer coisas que não se podem explicar do que explicar coisas que não se podem fazer.”