À porta

Penso sempre em janeiro como um mês de fronteira, uma espécie de limiar da vida nova que se abre quando um ano começa. Estamos à porta do que há de vir, com tudo aquilo que de incertezas e de esperança que isso implica. Um prólogo, portanto. Viver a experiência do lumiar é tomar consciência de que a nossa vida é feita de passagens, de opções, de decisões.

Estamos à porta. Ouvimos os rumores (ou os silêncios) que existem lá dentro. E o lá dentro é também, neste texto, o resto do ano, com tudo o que ele será de novidade. E sim, fizemos listas de desejos, fizemos planos para o que aí vem, previmos as decisões que queremos tomar. Olhamos para janeiro como se o tempo apenas dependesse de nós e da nossa vontade, mesmo sabendo que não será assim, que haverá momentos em que teremos de mudar de direção.

Estamos, neste momento, à entrada do tempo que cada Ano Novo, nos propõe. É assim, desde que nos pensamos e que pensamos a vida como um caminho que não para uma sucessão de momentos sem intervalo: janeiro é o adro do tempo que começou, para muitos de nós, em festa. Estamos à porta. Queremos entrar.

Este ano, porque Jubilar, ouviremos muito falar de portas. Abertas. Fechadas. Santas. De lugares que nos convidam a ultrapassar os nossos limites, portas-janeiro que se abrem em possibilidades de coisas novas, mas, sobretudo, na Esperança, a que não engana, a que se assume como (única) razão deste caminho nem sempre fácil que a vida nos traz.

Há mais gente no limiar: gente preparada, gente com medo, gente com dúvidas. Cada um de nós fará parte desses grupos todos, ao longo deste ano. E vamos querer desistir, voltar para trás, desconfiar do mistério que se esconde para lá da porta. E vamos querer entrar e deixar do lado de fora o que nos pesou no caminho. E vamos entrar sem nos darmos conta da maravilha que é passar a fronteira, porque vamos estar distraídos com muitas coisas. E vamos entrar, limpos e preparados para acolher o que houver para acolher.

Estamos à porta. Preparamo-nos para entrar? Acho que será mais fácil se o fizermos juntos. Vamos?

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