A queda do império

Os impérios surgiram muitas vezes na sequência de regimes anteriores que fracassaram, e que, pela força, foram criando modelos de desenvolvimento sustentados em políticas autoritárias e expansionistas, levando, muitas vezes, a população a apoiar imperadores que não faziam mais do que mostrar algum desenvolvimento, distribuindo migalhas por uma população na sua maioria pobre, enquanto que uma pequena elite vivia na luxuria. O império romano é um bom exemplo disso, onde nas imponentes arenas não faltavam deslumbrantes festas para animar e iludir os súbditos do imperador.

Todos os impérios têm o seu ciclo de vida, desde a sua criação, passando pelo crescimento, atingindo o apogeu e por fim o derradeiro declínio. Porque mais cedo ou mais tarde o povo acorda da letargia criada pelo poder e pela ameaça, e o seu fim acaba sempre por ser uma inevitabilidade. Recorrendo novamente ao romano, a queda aconteceu pelo enfraquecimento das suas tropas, pela corrupção e pela instabilidade política associada também a problemas económicos.

Nos tempos modernos, depois de Putin temos um Trump que também quer recuperar o modelo imperialista do passado, ameaçando territórios com as suas anexações num modelo de imperialismos que já não é aceitável nos tempos de hoje e cujas ações e modelo nenhum país tolerará.

Muito mais próximo do que os impérios de César ou dos desejos de tresloucados das superpotências, por cá, temos governantes que também sonham com Roma e o seu modelo imperial de desenvolvimento, nomeadamente ludibriando a população, fazendo pomposas festas, algumas mais recatadas a norte, onde arcos e linhas compõem a mesa dos privilegiados, recheadas também com caça e vinho. Alegram os súbditos com a distribuição de migalhas pelos pobres, usam as casas do povo para enganar os mais idosos, fazem viagens pelas ilhas e à volta da ilha, patrocinam festivais um pouco por todo o lado, e assim gastam o dinheiro dos contribuintes. Constroem uma via ápia para aqui, uma via latina para ali e mais uma ou outra infraestrutura, mas sempre com o chicote na mão, ameaçando retirar este ou aquele privilégio. A necessidade de manter o povo amordaçado e submisso é imperiosa para a manutenção do poder.

Só que tempos novos surgem no horizonte, e, mais uma vez, tal como o império romano, as tropas começam a dispersar, as suspeitas de corrupção levam à instabilidade política, e os problemas económicos e sociais associam-se. A queda do império está à vista.

O povo irá libertar-se e escolher uma diferente via de desenvolvimento. Com mais justiça, com igualdade de oportunidades e, acima de tudo, que acrescente valor e dignidade às pessoas. O povo não tolerará mais as indiferenças, os abandonos, as ameaças ao seu emprego e à sua família só por ter opinião, só por não abanar a cabeça que sim ao que lhes é imposto ou por não concordar com fulano ou sicrano. Finalmente sentirá a liberdade que os verdadeiros regimes democráticos proporcionam.

Porque democracia é aceitar a diferença, é aceitar a liberdade de opinião, é conviver com a diversidade.

E já agora também uma nota interna: Quem muito ladra e na hora da verdade foge é um cobarde que não merece qualquer respeito.

Duarte Caldeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.

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