O antigo secretário-geral do PS, João Pedro Vieira, reagiu às declarações desta manhã do líder do PS, sobre a sua pessoa, em que disse que João Pedro Vieira foi contra, em 2020, a que os militantes com as quotas em atraso pudessem votar nas eleições do PS e que terá chegado a ameaçar impugnar as eleições, caso essa situação se verificasse.
Em declarações ao Jornal, João Pedro Vieira nega terminantemente que tal tenha acontecido. Na sua versão, o socialista sublinhou que o ainda independente Paulo Cafôfo tinha sugerido essa possibilidade quando anunciou a sua candidatura à liderança do PS, em 2019. “Paulo Cafôfo defendia que as eleições pudessem acontecer sem o pagamento das quotas dos militantes”, reforçou, recordando que, na qualidade de secretário-geral do partido, entendeu o contrário, atendendo à situação financeira do PS.
“O meu entendimento na altura foi que o pagamento das quotas devia acontecer como sempre aconteceu no PS, porque a eleição, quando foi convocada, antes da pandemia, e não durante, não tinha nenhuma justificação adicional que motivasse a isenção do pagamento de quotas, sobretudo numa situação em que o PS estava com grandes dificuldades financeiras”.
“O que nunca aconteceu e é absolutamente mentira – e que nem Paulo Cafôfo ou outro militante possam provar – é que eu alguma vez tenha ameaçado impugnar quaisquer eleições do PS”, afiançou. No seu entender, se houvesse momento para impugnar um ato eleitoral interno do PS seria nas eleições agora marcadas para 31 de janeiro. “Certamente não seria pelo pagamento ou não pelo pagamento de quotas, mas provavelmente por nestas que não cumpriram os prazos estatutários”.
A concluir este assunto, João Pedro Vieira dá “a novidade a Paulo Cafôfo: Não impugnarei eleições no PS, nunca tentei impugnar”.
Por outro lado, João Pedro Vieira disse ao Jornal que na última sexta-feira e no sábado, solicitou ao presidente do PS e ao presidente da Comissão Regional, por telefone e por missiva, duas situações. A primeira que lhe fosse dada a oportunidade de participar na reunião desta manhã, apesar de não ter sido eleito para este organismo. Fez o pedido “dada a excecionalidade do momento em que vivemos”, com novas eleições regionais no horizonte. O segundo pedido, este por escrito, foi que “nas eleições internas os militantes pudessem participar independentemente do pagamento das respetivas quotas”.
Duas propostas que o ex-secretário geral do PS apresentou por “terem fundamento”. Assim, no que diz respeito ao pedido para participar na comissão regional “foi porque essa oportunidade também foi dada a Paulo Cafôfo em 2019”, quando o então independente tinha anunciado que seria candidato a presidente do PS/Madeira. Nessa ocasião, recorda João Pedro Vieira, foram abertas as portas da Comissão Política Regional, “um órgão mais restrito do que a comissão regional” a Paulo Cafôfo, por sugestão de João Pedro Vieira e aceite pelo então presidente Emanuel Câmara.
“Infelizmente, Paulo Cafôfo teve um direito em 2019 que negou hoje a pessoas como eu”, sublinhou o socialista, vincando que “passamos a vida a ouvir, como repetiu hoje, que quem não fala internamente não pode depois vir para a praça pública discutir o PS”. João Pedro Vieira sustentou que tentou participar na Comissão regional precisamente para dar, internamente, a sua opinião sobre o partido, “mas essa oportunidade foi-me recusada”. Lamentou que Paulo Cafôfo tivesse, em declarações à comunicação social e na comissão regional, “tentado ofender, caluniar militantes do PS que procuraram no local e no momento certo propor duas medidas que aumentariam a democracia interna do PS”.