No seu habitual ‘Ponto de Ordem’ de domingo, o presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz volta a visar o Governo Regional, intitulando-o de “esquizofrénico e irresponsável”, e tece novas críticas sobre a “vitimização” de Miguel Albuquerque.
Filipe Sousa começa por destacar que, desde que o executivo regional foi alvo de uma moção de censura que obriga à realização de eleições antecipadas, tem vindo a “agudizar algumas das marcas da sua governação”, que, conforme enfatizou, merecem uma análise séria e resposta por parte da população.
“Estamos perante um Governo cada vez mais esquizofrénico e irresponsável, que não tem pejo em prejudicar a população e a Madeira, numa tentativa de manter o poder. A estratégia de vitimização de Miguel Albuquerque e dos seus correligionários é das maiores poucas vergonhas que já se assistiu na política regional, porque se vem revelando atabalhoada e inconsistente, eivada de mentiras e de delírio”, refere.
“Criticado e colocado em causa pela oposição e pelo seu próprio partido, e apenas com o apoio do CDS, que já vendeu completamente toda a sua ética, ideologia e seriedade, Miguel Albuquerque e os seus secretários regionais parecem náufragos sem bote de salvação, agarrados a boias que não existem”, prossegue.
O autarca também critica a ideia propagada de que a Madeira ficaria ingovernável sem Orçamento, e que o hospital iria parar e que tudo ficaria comprometido.
“Esta grande mentira é tão falsa, que agora até a crónica e reiterada falta de medicamentos no hospital é culpa da falta do Orçamento e da moção de censura que fez cair o desgastado e incompetente Governo Regional”, escreve, entendendo que, mesmo com Orçamento, as prioridades do executivo “nunca foram pagar os fornecedores de bens tão essenciais como os medicamentos para a farmácia hospitalar, cuja falta tem sido uma das marcas dos governos de Miguel Albuquerque”.
Filipe Sousa defende que esta argumentação é construída e falsa, até porque “o mesmo Miguel Albuquerque que anuncia o fim do mundo, anuncia obras faraónicas como campos de golfe e pontes suspensas”.
Obras que, ironiza o edil, “são mesmo o que o povo precisa”: “Uma ponte suspensa e mais um campo de golfe é mesmo o que precisam as famílias que não conseguem comprar casa, os doentes com os tratamentos em causa pela falta de medicamentos, os madeirenses com dificuldades para terem acesso a uma vida digna e feliz e a um futuro que possam chamar de seu”.
Para o autarca, o problema do Governo Regional é mais profundo do que não ter orçamento. “O problema é que este Governo, como diz o povo, só saber governar ‘à grande e à francesa’. É um Governo Regional que se auto idolatra, mas que tem pés de barro e que, perante qualquer contrariedade, mesmo as decorrentes do normal funcionamento da Democracia, tem como resposta um falso cenário catastrófico, com culpas a serem atribuídas a quem exige responsabilidade na gestão”.
“Esta estratégia é tão mais falsa se recordarmos o que aconteceu em Santa Cruz. Quando perderam a Câmara, por culpa própria e porque faliram este concelho, este mesmo PSD fez de tudo para nos dificultar a vida. Criaram dificuldades várias à nossa gestão: incentivaram as empresas a penhorar as contas do município, com processos de execução a exigir o pagamento das dívidas que o próprio PSD deixou e nunca teve a responsabilidade de pagar, num total de 54 milhões de euros. Até empresas do setor público empresarial regional foram instadas a avançarem com penhoras e execuções para exigir pagamento de dívidas vencidas, algumas delas há mais de 10 anos. Dívidas que nunca foram alvo de penhoras enquanto o PSD desgovernou e desgraçou Santa Cruz”, recordou, acrescentando que todas essas dificuldades, “criadas por mera vingança política”, o município conseguiu ultrapassar com trabalho honesto e responsabilidade.
“E é trabalho honesto e responsabilidade que tem faltado a este Governo Regional, liderado há anos por um líder fraco e contestado dentro e fora do seu partido e que, por vaidade, teimosia e irresponsabilidade, tem arrastado a Madeira para uma instabilidade crónica. Mas a instabilidade é apenas o resultado de um Governo que tem governado sem ter os pés na terra, que anuncia obras faraónicas, como pontes suspensas e campos de golfe, enquanto o povo morre sem medicamentos, os agricultores mal sobrevivem sem receber aquilo que lhes foi prometido, os jovens desesperam sem soluções de emprego e sem acesso à uma habitação digna, a classe média, aquela de suporta a máquina do Estado com os seus impostos, e que vive sem rendimentos para suportar os encargos resultantes do enorme custo de vida da ilha do aparente sucesso, onde crescem empreendimentos de luxo que sustentam os impérios dos empresários deste regime podre e pobre de ética e moral, e que são valores que deviam ser a marca de uma gestão responsável e humanista”, reforça.
Filipe Sousa lembra, por fim, que a população será chamada a responder a todos estes pontos e vinca que o que “importa não é a vitimização do contestado e fraco presidente do Governo Regional, mas sim a cada vez maior franqueza democrática de uma governação que não responde às necessidades e anseios da população. Um líder fraco faz fraca a forte gente”, remata.