Milhares de pessoas participam em protestos na Venezuela (com vídeos)

Dois dos mortos são menores.

Milhares de pessoas saíram às ruas na segunda-feira, em várias cidades da Venezuela, para protestar contra a oficialização da vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais, rejeitada pela oposição e parte da comunidade internacional.

Confirmadas estão já duas mortes, em Yaracuy e em Zulia, incluindo a de um jovem de 15 anos. Há ainda relatos de pelo menos outras três mortes e dezenas de feridos, mas essas informações ainda não foram confirmadas.

Os protestos estendem-se a várias cidades um pouco por toda a Venezuela, com Carabobo e Caracas a serem alguns dos principais focos de tensão. Na capital, dezenas de soldados lançaram bombas de gás lacrimogéneo contra cidadãos que saíram às ruas e há relatos de outros exemplos de intervenções militares e policiais para dispersar manifestantes noutros locais.

Depois de percorrerem cerca de 10 quilómetros pelo leste da capital venezuelana, os milhares de manifestantes chegaram a um ponto junto à autoestrada principal, onde membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, Polícia Militarizada) e da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) impediram a continuação da caminhada.

A agência Efe confirmou que, no local, os agentes fardados dispararam gás lacrimogéneo e chumbos contra os manifestantes e detiveram cerca de vinte, enquanto os protestos e a mobilização de pessoas persistem em vários pontos de Caracas.

Os manifestantes, que mantiveram uma ação pacífica até serem atacados pelas forças de segurança, foram afetados pelos gases libertados, enquanto os meios de comunicação locais mostraram algumas pessoas feridas pelos projéteis.

Contudo, a ação dos polícias fardados não deteve os manifestantes, cujo número continuou a crescer depois das 17:00 locais (22:00 em Lisboa), de acordo com a Efe.

Vários manifestantes retiraram cartazes da campanha de Maduro e arrastaram-nos pelo chão, amarrados a motorizadas, onde se encontravam companheiros a bater ruidosamente com panelas e frigideiras em sinal de protesto.

Através das redes sociais, têm circulado numerosos relatos de protestos semelhantes em várias regiões do país produtor de petróleo.

Em Coro, capital do estado de Falcón, os manifestantes derrubaram uma estátua do ex-Presidente e figura histórica do movimento bolivariano Hugo Chávez, e segundo o jornal espanhol, pelo menos cinco outras estátuas tiveram o mesmo destino, noutros pontos do país.

Nas eleições de domingo, Maduro enfrentou o candidato maioritário da oposição, Edmundo González Urrutia, e outros oito candidatos.

A líder anti-chavista María Corina Machado afirmou hoje que o “novo presidente eleito” da Venezuela é Edmundo González Urrutia, líder da principal coligação da oposição, apesar dos resultados anunciados pelo órgão eleitoral, que hoje insistiu que Maduro obteve a maioria dos votos válidos nas eleições presidenciais.

Nicolás Maduro reagiu de imediato ao ato de proclamação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), realçando que alcançou a proeza de ter derrotado “o fascismo” nas eleições de domingo.

No domingo à noite, o CNE anunciou que o Presidente cessante Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo de seis anos com 51,20% dos votos.

Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões de votos (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados.

Vários países já felicitaram Maduro pela vitória, como Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas outros Estados da comunidade internacional, e reconhecidos como democráticos, demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela.

Foi o caso de Portugal, Espanha ou Estados Unidos.

Nove países latino-americanos – Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai – pediram hoje uma “revisão completa” dos resultados eleitorais na Venezuela, país que conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.

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