Os Estados Unidos, o Canadá e a Finlândia anunciaram hoje, à margem da Cimeira da NATO em Washington, um acordo para produzir conjuntamente navios quebra-gelo e aumentar a sua colaboração no Ártico para enfrentar a expansão da Rússia e da China na região.
O vice-conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, Daleep Singh, declarou que o acordo, anunciado pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e pelo chefe de Estado finlandês, Alexander Stubb, juntamente com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, é “um imperativo estratégico”.
“Sem este acordo corremos o risco dos nossos adversários obterem uma vantagem numa tecnologia especializada com grande importância geoestratégica que também poderia permitir-lhes tornarem-se os fornecedores preferidos dos países que têm interesse em adquirir quebra-gelos polares”, acrescentou Singh.
O acordo, que será formalizado em 2025 com a assinatura de um memorando de entendimento entre os três países, poderá incorporar outros parceiros no futuro.
Um alto funcionário dos Estados Unidos sublinhou que a Rússia e a China estão a aumentar a sua colaboração no Ártico e que os dois países concordaram em realizar patrulhas conjuntas no Mar de Bering, perto do território norte-americano do Alasca.
O Governo dos Estados Unidos vê como um “desafio estratégico” as atividades da China, que em 2018 declarou publicamente as suas ambições para a região e está a aumentar a sua produção de navios quebra-gelo, além dos seus investimentos nos países do Ártico.
A Rússia, que conta atualmente com uma frota de mais de 40 quebra-gelos – a maior e mais avançada do mundo – também está em processo de produção de mais unidades e de consolidação da sua presença na região do Ártico.
Em comparação, os Estados Unidos têm apenas dois quebra-gelos operacionais, enquanto o Canadá tem 20 e a Finlândia nove.
As autoridades norte-americanas estimam que nos próximos anos as necessidades dos Estados Unidos e de outros países aliados envolverão a construção de 70 a 90 quebra-gelos e a intenção de Washington é que os estaleiros norte-americanos “possam competir por uma parte considerável” dessas potenciais encomendas.
O Ártico tornou-se uma região cada vez mais importante para as grandes potências mundiais graças ao efeito das alterações climáticas, que deverão permitir em breve a navegação pela região.
Além disso, o Ártico contém enormes recursos naturais que até agora eram praticamente inacessíveis por razões técnicas e condições climáticas.