A procuradora-geral da República quebrou o silêncio e em entrevista esta noite à RTP falou do caso que abalou a Madeira no início deste ano e que fez cair o Governo Regional.
Lucília Gago acabou mesmo por pedir desculpas aos três detidos nesta operação que até hoje não se conhece o nome e que gerou grande aparato de meios vindos de Lisboa para a Região e que envolveu dois empresários e o ex-presidente da Câmara do Funchal. Os três visados estiveram detidos durante longos 22 dias, sem apresentação de medidas de coação, sendo que depois foram restituídos à liberdade, facto que Lucília Gago admite não ser normal que tenha acontecido.
“Não acho verdadeiramente normal que isso tenha acontecido. Não me lembro de um tão longo prazo em que tenha havido um conjunto de detenções em que tenha havido demora. Lamento que isso tenha acontecido”, referiu.
No entanto, considera que aquilo que aconteceu neste caso foi algo verdadeiramente excecional, por um lado. Por outro lado, diz que “o Ministério Público fez aquilo que lhe competia fazer, com esforço, mas fê-lo”. Ou seja, “as pessoas foram apresentadas no prazo de 48 horas”, mas “o acervo recolhido e no qual a indiciação estava sustentada era extenso. Não foi obra fácil”.
Embora considerando que a imagem do Ministério Público sai “muito fragilizada”, Lucília Gago garante que a confiança do Ministério Público não está em causa.
A procuradora-geral da República afirmou ainda que nunca ponderou demitir-se, defendeu que há “uma campanha orquestrada” contra o Ministério Público e considerou “indecifráveis e graves” as declarações da ministra da Justiça sobre pôr “ordem na casa” no MP.