Madeirense Ana Cristina Pereira vence Prémio AMI-Jornalismo Contra a Indiferença

O artigo recebeu, também, na semana passada, o prémio Jornalismo em Saúde, na categoria Saúde Mental, atribuído pelo Clube de Jornalistas e pela Apifarma.

O trabalho de reportagem ‘Ao fim de 40 anos, Vicente não queria sair da prisão’, da autoria da jornalista madeirense Ana Cristina Pereira, do jornal Público, foi distinguido na manhã desta quarta-feira ao vencer, na categoria Imprensa, o Prémio AMI-Jornalismo Contra a Indiferença.

A cerimónia realizou-se esta quarta-feira no Sindicato dos Jornalistas, em Lisboa, sendo que, pela primeira vez, o galardão foi dividido em várias categorias.

De realçar que o artigo distinguido, que conta a história de um recluso que, encarcerado há quase quatro décadas, foi libertado na sequência da entrada em vigor da nova lei de saúde mental, tinha já sido premiado na última semana. O artigo, um trabalho com fotografia de Paulo Pimenta, recebeu o prémio Jornalismo em Saúde, na categoria Saúde Mental, atribuído pelo Clube de Jornalistas e pela Apifarma.

De acordo com o regulamento, “o Prémio AMI – Jornalismo Contra a Indiferença destina-se a destacar trabalhos jornalísticos que, pela sua excecional qualidade, representem um testemunho e uma contribuição válida para que as indiferenças dos poderes de opinião pública não permitam cobrir com um manto de silêncio situações intoleráveis do ponto de vista humano, social, económico, ou outro, em qualquer parte do mundo”.

“O tempo é um luxo nas redações”, sublinhou a autora distinguida, que defendeu, nesse âmbito, que “não podemos permitir que a pressão para responder ao urgente nos impeça de tratar do que é importante”. “Precisamos de tempo para contar histórias de pessoas por inteiro. A narrativa profunda é importante, sobretudo em áreas como a saúde mental, tão marcada pelo estigma”, salientou.

Também na cerimónia desta quarta-feira, conforme disse ao Jornal Ana Cristina Pereira, a série especial ‘Portugueses ciganos – uma história com cinco séculos’ recebeu uma menção honrosa, na categoria Multimédia. Os textos da jornalista e escritora madeirense natural de São Vicente são acompanhados por infografia de Francisco Lopes, José Alves e Cátia Mendonça, fotografia de Paulo Pimenta, vídeo de Teresa Miranda.

O trabalho, que pode ser consultado no site do jornal Público, “é um mergulho na realidade dos ciganos portugueses, desde as origens à atualidade”, explica a madeirense, alertando que “as comunidades ciganas estão em Portugal há 500 anos, mas não fazem parte dos livros de história”. Conhecer o seu passado de perseguição e resistência, defende, “ajuda a compreender o seu presente de exclusão”.

Refere Ana Cristina Pereira que este trabalho foi também nomeado para o ‘True Story Award’, um prémio mundial de jornalismo que tem em conta apenas textos. Nessa ocasião, conta-nos, o júri fez referência ao crescimento de “um clima de discriminação e preconceito em relação à comunidade cigana” e declarou que este trabalho “empreende um percurso sem precedentes das origens à atualidade desta ‘cultura de resistência’”.

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