O Governo do Canadá anunciou hoje novas sanções contra sete cidadãos israelitas e cinco organizações pela sua participação nos “atos de violência” cometidos por colonos de extrema-direita contra civis palestinianos e suas propriedades na Cisjordânia ocupada.
Os visados são acusados de “facilitar, apoiar ou contribuir financeiramente” para os atos de violência, que se multiplicaram desde o início da ofensiva militar do Exército israelita na Faixa de Gaza.
“A violência dos colonos extremistas provocou perdas de vidas e danos em propriedades e terras agrícolas palestinianas. Estes ataques também provocaram o deslocamento forçado de comunidades palestinianas, contribuindo para a insegurança de palestinianos e israelitas na Cisjordânia”, assinala a nota do ministério.
O ministério sublinha que este género de episódios violentos “comprometem os direitos humanos dos palestinianos e as perspetivas de uma solução de dois Estados”, para além de “fomentarem riscos importantes para a segurança regional”.
Por sua vez, a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Melanie Joy, assinalou que estes ataques não apenas colocam em perigo a vida dos palestinianos, mas qualquer perspetiva de paz duradoura. Nesse sentido, exortou o Governo israelita a terminar com estas ações e punir os responsáveis.
Esta foi a segunda vez desde maio que o Governo canadiano impõs sanções contra grupos e pessoas relacionadas com estes ataques, à semelhança das medidas adotadas por diversos aliados como os EUA, Reino Unido e UE.
Algumas das organizações sancionadas, como a Amana, constroem colonatos e postos de vigilância ilegais na Cisjordânia ocupada, enquanto outros, como a Lehava, se opõem a casamentos mistos e dedicam-se à perseguição de não judeus.
A Cisjordânia ocupada assiste à maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-2005).
O Gabinete da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) informou na quarta-feira que pelo menos 536 palestinianos foram mortos por militares ou colonos israelitas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém leste, desde os ataques do Hamas de 07 de outubro.
O Estado judaico justifica as suas mortíferas incursões na zona como “operações especiais” para “capturar” líderes e combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica palestiniana.
O lado israelita refere que desde o início do corrente ano até finais de maio, já foram mortas 12 pessoas na Cisjordânia ocupada em dez ataques palestinianos, incluindo seis militares e seis civis, três deles colonos.
Desde o início da ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza, as Nações Unidas registaram pelo menos 800 ataques de colonos extremistas judeus contra palestinianos.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.130 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Telavive lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento provocou mais de 37 mil mortos e mais de 85 mil feridos, de acordo com as autoridades do enclave palestiniano, controladas pelo Hamas desde 2007.
Calcula-se ainda que 10 mil palestinianos permanecem soterrados nos escombros após cerca de oito meses de guerra.
O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.