Duas mulheres morreram hoje de manhã quando tentavam atravessar o Canal da Mancha, de França para o Reino Unido, a bordo de um barco improvisado que transportava outros migrantes, informaram as autoridades francesas.
As equipas de resgate encontraram as mulheres em paragem cardíaca e não conseguiram salvá-las, informou a administração municipal da região de Pas-de-Calais, no norte de França, em comunicado.
Um casal e o seu filho foram transportados em hipotermia para um hospital em Boulogne, acrescentou a mesma fonte.
O incidente aconteceu na costa da pequena cidade de Neufchatel-Hardelot, tendo os meios de comunicação locais afirmado que mais de 60 migrantes foram resgatados durante a noite.
De acordo com a administração municipal, já morreram 17 migrantes, desde o início do ano, enquanto tentavam chegar ao Reino Unido a bordo de barcos frágeis vindos da costa da região de Pas-de-Calais.
A travessia ilegal de hoje aconteceu apenas nove dias depois de o Governo britânico ter anunciado a deportação para França do primeiro migrante ao abrigo do acordo bilateral de repatriamento recíproco assinado com Paris, mais conhecido por acordo “Um por um”.
Este acordo permite a Londres devolver um migrante que tenha atravessado ilegalmente daí para território britânico em troca da aceitação de um requerente de asilo de solo francês, desde que este não tenha tentado a travessia anteriormente e tenha laços familiares no Reino Unido.
Os 33 quilómetros que separam as costas francesa e britânica representam um desafio perigoso para os migrantes que se atrevem a atravessá-las, devido às fortes correntes e às condições climatéricas hostis, somadas ao intenso tráfego de embarcações.
A isto acresce a precariedade dos barcos utilizados, muitas vezes insufláveis, que provocaram a morte de pelo menos 73 pessoas em 2024, segundo a Organização Internacional para as Migrações.
Desde que assumiu o poder, em julho de 2024, o Governo trabalhista, que abandonou o plano dos conservadores de deportar os requerentes de asilo para o Ruanda, tem atuado em várias frentes para tentar reduzir a imigração irregular, assinando vários acordos de cooperação com outros países (nomeadamente Alemanha e Iraque) e reforçando os recursos da polícia fronteiriça para combater as redes de tráfico.