O primeiro-ministro israelita insistiu hoje na eliminação do Hamas e que o Irão está por trás dum “eixo do mal” que só acabará quando o regime mudar, criticando os países ocidentais que recentemente reconheceram o Estado da Palestina.
Numa intervenção na 80.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, Benjamin Netanyahu frisou que Israel “não cederá” às pressões internacionais e que não descansará enquanto não eliminar o auto-denominado movimento de resistência islâmico (Hamas) e trouxer para casa os 20 reféns vivos, do 48 que estão em poder do Hamas.
Netanyahu insistiu no apelo para o Hamas depor as armas e libertar todos os reféns, vivos ou mortos, “o mais rapidamente possível”, pois, caso contrário, os militantes do movimento palestiniano “serão perseguidos”.
“Se depuserem as armas e libertarem já todos os prisioneiros, a guerra acaba já hoje”, afirmou o primeiro-ministro israelita, elogiando o apoio que tem recebido do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e criticando os países, entre eles Portugal, que recentemente reconheceram o Estado da Palestina.
Nesse sentido, Netanyahu assegurou que a criação de um Estado palestiniano será um “suicídio nacional” para Israel, deixando críticas e avisos a esses países ocidentais.
“Deixo aqui outra mensagem aos dirigentes ocidentais: Israel não permitirá que nos imponham um Estado terrorista. Não cometeremos um suicídio nacional porque não têm coragem de enfrentar os meios de comunicação hostis e as multidões antissemitas que exigem o sangue de Israel”, afirmou.
As delegações de dezenas de países levantaram-se e abandonaram a Assembleia Geral quando Netanyahu entrou na sala para fazer o seu discurso, marcado também por apartes e interjeições que se fizeram ouvir durante a intervenção.
Salientando que Israel está envolvido militarmente em várias frentes – Hamas (Faixa de Gaza), Cisjordânia, Hezbollah (Líbano), Síria, Irão e Iémen – Netanyahu rejeitou as acusações de “genocídio” e garantiu que é o próprio exército israelita que está a alimentar a população do território.
“Estamos a fornecer uma média diária de 300 calorias por pessoa em Gaza, mas o Hamas rouba esses alimentos para, depois, os vender a preços astronómicos”, sublinhou o primeiro-ministro israelita, insistindo nas “falsas acusações de genocídio”.
“Quanto às falsas acusações de genocídio, dizem que Israel ataca civis, mas nada é mais falso”, disse, frisando que Israel toma medidas para evitar vítimas civis e assegurando que não deixa a população passar fome.
“O Hamas usa os civis como escudos humanos e como acessórios para a sua guerra de propaganda nojenta contra Israel, propaganda que os meios de comunicação europeus engolem sem questionar”, acusou, lamentando, mais uma vez, que muitos países tenham “cedido” ao Hamas ao reconhecerem o Estado da Palestina.
Numa intervenção de mais de 45 minutos, Netanyahu saudou os esforços do Líbano para desarmar o Hezbollah, mas pediu “mais do que palavras”.
“Felicito o Líbano pelo objetivo anunciado de desarmar o Hezbollah. Mas precisamos de mais do que palavras. Se o Líbano tomar medidas verdadeiras e duradouras para desarmar o Hezbollah, estou certo de que será possível uma paz duradoura”, declarou.
O primeiro-ministro israelita afirmou também ter mandado instalar altifalantes na Faixa de Gaza para que os reféns pudessem ouvir o seu discurso na tribuna da ONU.
“Não vos esquecemos, nem por um segundo. O povo de Israel está convosco. Não descansaremos enquanto não regressarem todos a casa”, declarou em hebraico e, depois, em inglês.
Ainda sobre o Irão, Netanyahu disse apoiar a reposição de sanções da ONU contra o Irão, previstas para sábado, pedindo que se garanta uma “maior vigilância” contra a ameaça representada pelo programa nuclear iraniano.
“Graças aos ataques israelitas e norte-americanos de junho contra instalações nucleares iranianas, removemos uma ameaça existencial contra Israel e uma ameaça mortal ao mundo civilizado e dissipamos uma nuvem negra que poderia ter matado milhões e milhões de pessoas”, reivindicou.
“Mas não devemos permitir que o Irão mantenha suas capacidades nucleares militares, pelo que o ‘stock’ de urânio enriquecido deve ser eliminado. As sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irão devem ser restabelecidas”, acrescentou.