Após um encontro com pessoas que têm vindo a solicitar ajuda por estarem em risco de despejo, a candidatura do Livre à Câmara Municipal do Funchal, liderada por Marta Sofia, alertou para o aumento de pessoas e famílias em risco de ficar sem teto, denunciando ainda a ausência de resposta eficaz e atempada da Sociohabita.
“A crise habitacional na cidade tem empurrado cada vez mais residentes para uma situação de vulnerabilidade extrema, correndo o risco de se tornarem pessoas em situação de sem-abrigo, ou de contribuírem para sobrelotação de casas de familiares que em última instância são a mão que ajuda, mas é o chão que os acolhe”, pode ler-se numa nota enviada às redações.
A candidatura do Livre adianta que “o problema não se limita só à falta de alojamento, mas estende-se à incapacidade de muitos funchalenses em manter a sua casa atual devido à subida dos preços de arrendamento, à precariedade laboral e aos baixos salários. Esta realidade tem levado a uma onda silenciosa de pessoas em risco de despejo, que se vêem sem opções e sem o apoio necessário para evitar a perda da sua habitação”.
”É inaceitável que, perante uma crise de habitação tão grave, as pessoas e famílias em risco de despejo não encontrem o apoio e as soluções de que necessitam para não ficarem na rua”, afirma Marta Sofia, cabeça de lista do Livre à Câmara do Funchal. “O nosso programa político é claro: precisamos de uma abordagem humanista e preventiva. É por isso que propomos o ‘Housing First’, um modelo que não espera que as pessoas percam tudo para depois intervir.”
O modelo ‘Housing First’ (Habitação Primeiro), uma proposta central no programa político do Livre a nível nacional e que integrou o programa das eleições legislativas regionais, visa garantir a segurança e a estabilidade de um teto, às pessoas singulares e famílias que não têm a base necessária para lidar com estes desafios da vida.
“A Sociohabita precisa de levar a sério os pedidos de ajuda e agir em sinergia ou pôr em prática o uso da taxa turística municipal para auxiliar este programa”, alerta a candidata, que acrescenta que devem ser identificadas e apoiadas, “de forma proativa”, as famílias e indivíduos em risco de despejo, com mediação e soluções de realojamento.
Aumentar a capacidade de alojamento na cidade, disponibilizando imóveis para o programa ‘Housing First’ e para arrendamento a preços acessíveis é outra das medidas defendidas, tal como “ações de prevenção para evitar que a perda de habitação se torne um problema irreversível, através de parcerias com entidades sociais, promotores imobiliários e cooperativas”.
Além disso, o Livre realça que neste programa também se incluem as pessoas em situação de sem-abrigo.
“A essência desta proposta do LIVRE para o ‘Housing First’ é baseada num princípio simples e comprovado internacionalmente: fornecer habitação permanente e segura como primeiro passo para a reintegração social, em vez de a usar como uma recompensa final por um processo de reabilitação. O modelo, que tem tido sucesso em várias cidades europeias, foca-se em dar estabilidade às pessoas, permitindo-lhes reconstruir as suas vidas a partir de uma base segura”, pode ler-se.
”A habitação não pode ser o último degrau. É o primeiro. Para uma pessoa em situação de sem-abrigo, ter um teto é a base para conseguir tratar da sua saúde, procurar emprego e reintegrar-se na sociedade”, refere Marta Sofia. “A nossa proposta é mais do que dar um quarto; é um investimento na dignidade humana e na capacidade de as pessoas recuperarem o controlo das suas vida.”
O Livre conclui sublinhando que acredita que “esta abordagem não só oferece uma solução mais humana e eficaz para o problema do sem-abrigo, como também é mais sustentável a longo prazo, reduzindo a pressão sobre os serviços de emergência e de saúde. A candidatura convida os eleitores a conhecerem a totalidade das propostas para a habitação e o combate à exclusão social, que visam construir um Funchal mais justo e solidário”.