Governo Regional e ACIF de acordo com a necessidade de ter navios maiores a atracar no Porto do Caniçal

A Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF) pediu uma reunião urgente com o Secretário Regional da Economia para acudir aos “graves constrangimentos no abastecimento, por via marítima, da Região Autónoma da Madeira”. Em causa está o “aumento estrutural da procura” e o “o défice da capacidade da Região em rececionar toda a carga com destino à ilha”.

O presidente da ACIF, António Jardim Fernandes, fala de “atrasos e de roturas de stock”, problemas para os quais é preciso encontrar uma solução urgente, e ao Secretário Regional da Economia pediu que seja autorizada a atracação de “navios de maior calado no porto do Caniçal”.

A ACIF fez um questionário, que ainda está em curso, onde se nota que “uma elevada percentagem das empresas está a sentir grande dificuldade no seu abastecimento”. A explicação, adianta António Jardim Fernandes, reside “numa questão estrutural, em que a procura de transporte é maior do que a capacidade da oferta, em termos de transportes com contentores”. Por isso, os empresários foram ao Governo Regional apresentar soluções; entre elas está a utilização de navios de maior calado, “que permite numa só viagem trazer mais contentores”. Para a ACIF a solução carece apenas de regulamentação. “A Região tem Autonomia. Se houver vontade política, o problema pode ser resolvido com muita rapidez”, assegurou o presidente da ACIF, adiantando que “o porto tem capacidade para a atracação de navios maiores, até porque os navios atuais usam tecnologia que permite operar com muito maior segurança”.

Na reunião desta manhã, o secretário regional da Economia mostrou concordância com o pedido e com os argumentos apresentados pelos empresários. José Manuel Rodrigues acredita que dentro de um mês será possível concretizar a solução desejada, através de navios maiores a operar no Caniçal. “Há já algum tempo que o Governo Regional está desperto para esta realidade, uma vez que entre janeiro e agosto o transporte de mercadorias aumentou cerca de 10%”, assegurou. Desde o final de 2024 estão destinados à Madeira cerca de 1.500 contentores, mas os navios que servem a Região só conseguem transportar entre 1.250 a 1.300, o que quer dizer que ficam por entregar entre 200 a 300 contentores, apesar dos esforços dos armadores, que a cada 15 dias fazem viagens duplas.

“Aquilo que se pretende é ter navios de maior porte, acima de 130 metros, que possam transportar mais contentores. O Governo Regional está a estudar, em conjunto com a Administração dos Portos da Madeira (APRAM), soluções técnicas e decisões políticas no sentido de conceder aos operadores licença para poderem trazer navios de maior porte ao porto do Caniçal. A solução deve ser apresentada no próximo mês”, assegurou José Manuel Rodrigues. “Para que isso aconteça é necessário alterar o regulamento portuário do porto do Caniçal, reunir as condições técnicas e ter a decisão política”, aclarou o governante.

Os empresários esperam uma decisão breve, até porque há o risco de os preços aumentarem. “As empresas estão a sentir constrangimentos grandes no seu abastecimento. Isto traz custos económicos e, no fim do dia, vai acabar no consumidor”, avisou António Jardim Fernandes, numa altura em que os comerciantes já iniciaram os pedidos para a época de Natal.

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