Em tempo de “autárquicas” …

Quando liderei o PSD Madeira / Partido da Autonomia, duas, três vezes ao ano percorria todos os Concelhos, Funchal incluído, para reunir com os Militantes.

Explicava-Lhes o que vinha pretendendo, e ouvia-Os.

Transmitia-Lhes: “O Partido é uma Armada, governantes, deputados, autarcas, outros titulares de nomeação política nossa e militantes são os Seus braços armados, cada um no seu posto”.

Dizia mais: “o Partido é um instrumento, O OBJECTIVO PRINCIPAL É A MADEIRA E O SEU DESENVOLVIMENTO INTEGRAL. O adversário principal não está no Arquipélago”.

Porém, havia uns “inteligentes” que se sentiam frustrados nas suas ambições pessoais. Pelo que aproveitavam esta Doutrina para me acusar de pretender fazer dos Militantes, instrumentos. E de não praticar a “democracia interna”, pois empenhado que estava nos objetivos assim definidos, não prestava sequer atenção a esses maçadores. Quando dei por mim, seguiram-se as cenas do capítulo 2012-2017.

Neste conceito de “Armada”, Todos os que queriam trabalhar, estavam mobilizados e eram bons na missão que a cada uma cabia.

Missões definidas em função do Programa de Governo, resultado da audição prévia do Povo, Freguesia a Freguesia, antes de cada eleição regional, depois revertidas nos programas autárquicos sem prejuízo das competências próprias dos Municípios e Freguesias.

O dinheiro dos Contribuintes e o que se conseguia arranjar, era de todos e para aplicação no local da Região Autónoma considerado prioritário. Não havia “autarcas” a fazer festas com o dinheiro de TODOS os Contribuintes e, depois, a exigir mais esforço financeiro a Estes para o que ainda faltava na sua circunscrição.

Até 2013, estávamos reunidos no mesmo projecto de “máxima velocidade” para recuperarmos do atraso de séculos. Inclusive a Câmara do Porto Santo, mesmo quando socialista, o seu Presidente, Zeca Mendonça, actuava com sentido de Estadista, ao ponto de o Dr. Mário Soares com bonomia, dizer que estávamos “feitos”.

Já Machico, quando a Câmara da Oposição, a cooperação era inexistente, a ver se arcávamos com as culpas. Ah, sim?!… Assumimos a estratégia de fazer o que o Município devia concretizar, mas não andava, e resultou. O Povo de Machico entendeu e afastou os “artistas”.

Após 2013, o que então se passou no PSD e resultou em situações até hoje irrecuperadas, confesso que o meu entusiasmo já não foi o mesmo. Estava previsto eu sair pouco mais de um ano depois, quem as fez que colhesse os frutos.

Mesmo assim, com as quatro Câmaras sociais-democratas e com todas as poucas que propuseram cooperação, mantive a mesma orientação. Embora afogado pelo garrote financeiro que o Governo Passos Coelho impunha à Madeira, meramente por razões internas do PSD.

Mas foi a estratégia “de Armada”, durante quase quatro décadas, que permitiu uma “Madeira Nova”.

Hoje, Setembro 2025, os tempos mudaram tanto!…

O mal que é a substituição da “Política de Causas” pela “política dos interesses”, infelizmente também atingiu algumas Autarquias.

A Formação Política vinda de 1974, foi substituída por um pragmatismo materialista, eleitoralista e deficiente.

Entre a minha geração e a que se seguirá à actual, a disseminação inflacionada e pessoalmente mal conseguida de nomeações políticas, estilhaçou o OBJECTIVO ÚNICO E PRINCIPAL denominado Madeira.

Vá que nas organizações mais novas actuais, felizmente, observando-as, descortina-se uma Esperança de mudar o actual estado de coisas.

Eu sei que alguns não se importam que as coisas estejam, piores. Consolam-se dizendo que, no entender deles, desta maneira rasca estão “mais democráticos”!…

Hoje, em vez de algumas Autarquias colaborarem e reforçarem o Governo Regional na inadiável construção de mais Habitação ou prioridades, não!

Tudo exigem ao Governo madeirense. Mais exigem beneficiar do dinheiro de todos os Contribuintes do Arquipélago, enquanto as respectivas receitas autárquicas próprias, vão para festas, comes e bebes, borlas, doações sem critérios sérios, pagamento de artistas e empresários DE FORA…sugeridos, vá lá se saber porquê, pelas respectivas sedes partidárias em Lisboa!…

Tudo isto sob o pretexto do “social” …

“Social” que NUNCA FOI SOCIAL. Porque não é “social” comprar votos, estabelecer dependências políticas pessoais, não fazer os Investimentos cujas respectivas Oportunidades Novas reduziria a pobreza que anda, desta forma, a ser eternizada.

E veja-se a INVOLUÇÃO.

Antes, o MÉRITO estava na melhoria das condições de vida das populações e nos investimentos públicos cuja solidez fez um futuro sustentado.

Agora, o pseudo-“mérito” está em quem mais impressiona com “festas” e sua multiplicação, pagas por dinheiros que deviam ter outras prioridades.

Mais uma questão, a DISCIPLINA DEMOCRÁTICA.

Antes, não se pactuava com este caos administrativo-improdutivo.

Hoje, entende-se a Disciplina Democrática como “anti-democrática”. Resultado: Serviços a funcionar muito pior; Serviços dispensáveis e inflacionados de “dirigentes”, alguns Deus nos valha; muitos a mandar e nada de contrariar alguém ou seja o que for!

E o que foi ficando atrasado e amontoado?… “O Governo Regional”, os Seus oito Membros, que resolvam!…

Sai mais um copo!…

Leva esta prenda para a minha afilhada!…

Vamos recuperar disto? Ou fica assim?…

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