A decadência política regional atinge o seu topo quando o Tribunal de Contas bloqueia mais um negócio de milhões e que os governantes dizem simplesmente que “não vamos recorrer da decisão”, explicando que a diferença dos valores era: pequena parte para os serviços e vários milhões para publicidade. 9 milhões não fazem falta aos madeirenses. Com o excesso de turistas na região, eu diria mesmo que toda a dinamização da Madeira deveria ser extinta e utilizado esse dinheiro para a melhoria da vida dos madeirenses e portossantenses. A Madeira está sobrelotada. Santa hipocrisia. Talvez faltem turistas aos cemitérios. E mais insólitos… pequeno de 7 anos a trabalhar como cabeça de cartaz entre as 2 e 4 da manhã num espetáculo pago com dinheiros públicos? Falta ainda o insólito caso do DJ que sentiu a necessidade de pedir desculpas pela música que passa. Uma longa e reputada carreira a sucumbir aos críticos. Deixemos de ouvir críticos, mas mantenhamos a abertura para melhorar sempre.
Mas o que me afetou nas últimas duas semanas regionais foi o caso da violência doméstica de Machico. Tanto poderia escrever, mas a publicação tem limites. Há muitos aspectos que me preocupam. A violência doméstica é sempre um assunto importante. A vergonha, o sofrimento. Tantas são as dimensões que prendem a vítima ao agressor. Normalmente começa na infância, seja com pais/mães violentos/negligentes,… são tantas as formas que podem facilitar uma pessoa a tornar-se facilmente numa vítima. Mesmo as melhores educações não anulam o risco de se poder ser vítima de violência doméstica. É um flagelo que existe em todas as classes, como se podem lembrar do caso de Bárbara Guimarães. Quanto maior é o poder, seja pela profissão (forças segurança, políticos,…), seja pelo estatuto socioeconómico, mais complexo é o sofrimento das vítimas, bem como a sua fuga dos agressores.
É triste saber que ainda existem pessoas que culpam a vítima. Podendo ficar com danos físicos permanentes, para além da destruição psicológica dela e do filho.
É triste saber que tentam minimizar/desculpar a violência. Não há desculpa para a violência. Foi uma cilada? Tinha outro? Mesmo que tivesse roubado milhões.
É preciso perceber porque é que as pessoas não devem parar de falar e partilhar o assunto. Porque a violência esconde-se em tantos lados e de tantas formas, que precisamos de dar toda a coragem possível a estas vítimas para saírem da escuridão e apoiá-las na sua recuperação física, psicológica e social.
As pessoas vão comentar. As pessoas estão desesperadas, a votar em partidos que prometem soluções para o seu desespero. Acabar com a corrupção. Aumentar a segurança. No meio de uma situação como esta, vamos apelar à correção da lei, à proteção das vítimas, lançar momentos de ouvir a população para criar projetos que respondam às suas necessidades e também projetos para educar a população, mesmo quando ela não sabe que precisa de ser educada. Mas não vamos dizer para as pessoas se calarem. Vamos ensiná-las a falar. Infelizmente todos assistimos à lentidão da justiça, seja do caso Sócrates, do caso Pedro Calado, ou de outros. Se não trabalharmos em simplificar as leis para não haver “várias interpretações”, em ajudar os tribunais a tornarem-se mais céleres e a terminar os casos mediáticos rapidamente, estaremos sempre condenados a um futuro governo do Chega. Porque cansa não ver resultados. Se queremos evitar os justiceiros, temos de trazer justiça ao mundo de forma mais clara e rápida.