O Irão declarou hoje estar a negociar para impedir que os países europeus acionem, no outono, o mecanismo de restabelecimento das sanções internacionais previsto no acordo sobre energia nuclear de 2015.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros Esmaeil Baqaei disse que a prioridade do Irão é evitar qualquer ação ou incidente que possa prejudicar o país.
“Não permitiremos que esta questão se torne numa ferramenta de guerra psicológica contra (…) os nossos cidadãos”, acrescentou Baqaei, numa conferência de imprensa, em Teerão, antes das negociações agendadas para hoje, em Genebra, entre Irão, Reino Unido, França e Alemanha.
Os três países europeus retomaram o diálogo sobre o programa nuclear no final de julho, durante um encontro em Istambul, Turquia, com representantes iranianos.
Tratou-se do primeiro contacto desde a guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, desencadeada a 13 de junho por um ataque israelita, apoiado pela aviação de combate dos Estados Unidos, contra instalações nucleares e militares iranianas.
Os três países europeus ameaçam acionar o mecanismo internacional de sanções contra o Irão, no outono, na ausência de uma solução negociada, tal como previsto no acordo nuclear de 2015.
O tratado previa restrições significativas ao programa nuclear iraniano em troca de uma suspensão gradual das sanções.
As potências ocidentais temem que o Irão prossiga com o programa nuclear para adquirir armas nucleares, uma alegação que as autoridades iranianas negaram reiteradamente.
Em 2018, os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do tratado e restabeleceram sanções, mas os membros do grupo de três países europeus (designado como E3) mantiveram o compromisso com o acordo de 2015 e a vontade de continuar o comércio com o Irão.
No entanto, os países europeus acusaram Teerão de não cumprir os compromissos e ameaçaram retomar a política de sanções ainda este ano.
O E3 ofereceu ao Irão um prolongamento do prazo se o país retomar as discussões com os Estados Unidos, assim como pediram o reinício da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).