Estamos num momento controverso, no que respeita, às decisões e propostas colocadas na mesa pelo fantástico governo português eleito pelo povo!
E claro que venho, mais uma vez, “bater no ceguinho” e falar da proposta dos direitos da amamentação poderem ser usufruídos, apenas, até aos 2 anos da criança.
Como profissional de saúde e nutricionista reforço a seguinte recomendação: A OMS indica o aleitamento materno até os 2 anos ou mais. 2 anos OU MAIS! OU MAIS!
O aleitamento materno contínuo e prolongado, após os 2 anos, continua sendo uma fonte valiosa de proteínas, gorduras, vitaminas e anticorpos, imunoglobulinas e outras células de defesa; oferece conforto, segurança e vínculo emocional, favorecendo o desenvolvimento socioemocional da criança e desempenho cognitivo; e diminui o risco de doenças crónicas no futuro. E ainda, o desmame deve ser uma decisão conjunta entre mãe e filho, respeitando o tempo de ambos.
Sou mãe, o meu filho tem 2 anos e meio e a ainda está a ser amamentado! O meu filho mais velho foi amamentado até aos 3 anos. Quando amamentava o meu primeiro filho, fiz a asneira de não usufruir dos meus direitos. Coloquei as horas de trabalho em primeiro lugar, tirava leite nos intervalos do trabalho e chegava a casa para o meu filho só depois das 19:00 e mais, trabalhava sozinha, pois na mesma altura, o empregador decidiu extinguir um posto de trabalho! Resultado? Muita desmotivação, pouca produtividade e demissão!
Felizmente e posso dizer com alegria que agora, com o meu segundo filho, usufruo de forma responsável de todos os meus direitos! Sou mais feliz, tenho mais tempo com o meu filho e giro muito melhor o dia a dia! E surpresa, a minha produtividade, desempenho e resultados no trabalho são muito melhores!
Quanto à questão de amamentar só à noite e de manhã, posso vos dizer que ainda não durmo uma noite inteira! E como eu existem muitas mães, amamentando ou não! E não é fácil ir trabalhar, por vezes, consecutivamente, só com 4 horas de sono.
No mínimo, o que teria de ser feito seria alargar os direitos a todas as mães e não só às que estão a amamentar, e repensar os direitos dos pais que, obviamente, também precisam de estar com os seus filhos.
Os estudos comprovam que mais tempo de qualidade passado com os filhos, a redução do stress profissional e a maior flexibilidade laboral, melhora o desempenho dos pais no trabalho, fortalece o vínculo afetivo, melhora o bem-estar das crianças e o seu desenvolvimento emocional, cognitivo e social, diminui comportamentos problemáticos e promove maior sucesso académico.
Já, quanto aos colegas que não têm filhos, entendo a frustração de terem horários mais complexos. Mas quando tiverem filhos compreenderão, espero eu, a dificuldade de gestão do dia a dia! Se não os tiverem que olhem para a sua criança interior e ao seu passado e pensem se preferiam ser despejados em uma instituição de manhã à noite, com pais ausentes. E aos que dizem: “não tivessem filhos” – apenas ponham a mão na consciência e não sejam mesquinhos!
É certo que já se sabe que também existem malandros. Paga o justo pelo pecador! Mas então que se avalie produtividade e quem efetivamente não está a ser produtivo, seja chamado a atenção! Este é um assunto que exige muita, muita cautela!
E agora! Querem mudar? Façam algo!!! Continuemos a lutar pelos nossos direitos!
Uma voz ativa não é falar em segredo e não confrontar as suas opiniões!
Todos se queixam, mas para evitarem conflitos, não resolvem, não falam, não são frontais! Mais vale se conformar, omitir o que se pensa e mentir que se o pensa.
Enquanto isso os que têm coragem de questionar e dar a sua opinião vão sendo crucificados.
Uma coisa ninguém lhes tira: a honestidade e a leveza da verdade!
Carina Teixeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.