Não há desculpas

Há gente que arranja desculpa para tudo. O meu pai, por exemplo, gosta que o sirvam. Invariavelmente, a minha mãe faz-lhe o prato. E igualmente de forma invariável, ele reclama que é muito. Também invariavelmente come tudo. Talheres paralelos a meio do prato, cheio e aborrecido, atribui as culpas à mulher, não se tendo ainda apercebido que tem sempre a hipótese de deixar comida no prato. Sim, porque essa história de que há gente a morrer à fome não vai deixar de ser verdade… Mas o facto de ele ficar a arfar não vai fazer com que os coitados fiquem mais saciados.

Já o meu filho, sempre que perde algum desafio, arranja mil e um subterfúgios. Ou é do vento. Ou da relva. Ou das chuteiras. Ou da bola. Ou dos outros que são melhores. É um fadário. Tanto que estou a pensar colocá-lo no desporto adaptado. Não tarda e passa a jogar matraquilhos sozinho.

O pior é que eu não posso falar! Como tanto como um e detesto perder tanto como o outro. Evito é desculpas esfarrapadas. Faço o meu prato e escolho bem os adversários. Se correr mal?! A culpa é minha. Azar.

Mas o PS, por estes dias, esteve muito bem. Elevou a fasquia. Diz a lei que, “qualquer candidato tem de formalizar a sua candidatura, em papel, fisicamente na secretaria do tribunal, impreterivelmente até às 18 horas do 55.º dia que antecede as eleições”. Ora esse dia era segunda-feira (18/08). Até aqui tudo bem. O prazo estava estabelecido e cada um fazia a sua vida à velocidade que queria. Uns foram mais cedo. Outros mais tarde. E ninguém tem nada com isso. Só que o PS, ou achando que dava sempre tempo ou vendo-se atrapalhado para fechar a lista, quando se fez à estrada, já foi tarde. Conclusão? Segundo consta, chegou às 18:03, alegando um “bloqueio de trânsito”. Está bem que foram só 3 minutos. Lido assim até parece pouco. Mas sempre são 180 segundos… E toda a gente sabe que com os horários da função pública não se brinca. Há deles que ainda nem deu a hora de saída e já se puseram no piro. A sério! Conheço um que era tão rápido, tão rápido, que meia hora antes de sair já estava em casa. Ok, ele anda de mota, sempre foge ao tráfego…

Porém, e mesmo não sendo “adepto” do partido socialista, aposto que se lhe tivessem pedido, ele tinha dado uma volta maior e ido entregar a lista a Santana. É um tipo disponível. Daqueles que raramente diz que não a coisa alguma. Mas pronto, agora já não há nada a fazer. É que o Tribunal Judicial da Comarca da Madeira já disse que “cabe aos interessados sair do local onde se encontram a contar com demoras no percurso”. Eu diria até mais. Para além das notadas, e cada vez mais reconhecidas, delongas durante o trajeto, há que considerar ainda o problema do estacionamento. Sim, sim… Eu sei do que falo! Tive um rapaz a estagiar na clínica daquela localidade (naqueles estágios remunerados promovidos pela Direção Regional de Juventude) que chegava tarde por não conseguir parar o carro. Palavra de honra. Aquilo é um tormento. E tenho também uma assistente que lhe acontece o mesmo. Consegue, por vezes, chegar depois de mim que vou do Funchal. Só que ela não tem carta. Vai a pé. Mora “ao lado”. Enfim…. É o que é! Por sorte o estágio já terminou. E a assistente está de férias.

Quanto ao PS, também não está mau. Sempre é melhor não ir a votos do que ir e não os ter. Assim fica sempre a dúvida! “Às tantas, se tivéssemos ido ainda ganhávamos aquilo”. De ilusões também se vive…

Ps, na passada quinta celebrou-se o 517.º aniversário da Cidade do Funchal. Por “sorte”, ditou o calendário que a minha actividade laboral fosse dividida entre Câmara de Lobos e Santana. Resultado? Um dia de trabalho igual aos outros. Talvez por isso não tenha conseguido prestar muita atenção às festividades. Soube que na véspera houve um espetáculo do Coro. No dia hastearam bandeiras, celebraram uma missa e distribuíram medalhas. No dia seguinte lançaram um livro. No dia seguinte ao seguinte (chiça, já parece uma festividade cigana), as atenções viraram-se para uma prova de ciclismo urbano. Para fechar, hoje, 2 eventos. A XXII (sorte não ser XIXI) regata de Canoas Tradicionais e a XXX Prova de Mar José da Silva “Saca”. Estou curioso para ver se o meu pai vai entrar. É que ultimamente ele tem ido a todas. E bem! O tipo está cada vez melhor. Não lhe escapa nada. No discurso até pediu um minuto de silêncio por assuntos relacionados com os incêndios que assolavam o país. Lindo. Brilhante. Não podias ter estado melhor, pai. Parabéns. Que orgulho. Na falta de meios aéreos, mais, só se esse minuto fosse passado a soprar… Mas deixa lá. Fica para a próxima.

Ps ps, eu e a Diocese estamos muito tristes! De nada valeu o apelo aos fiéis para orarem pelo bispo emérito D Teodoro. Depois não se queixem…

Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas.

Leave a comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *