A Orquestra Indígena do Brasil e a Associação de Bandolins da Madeira promovem dois concertos na região autónoma no fim de semana, um no Funchal, outro em Machico, no âmbito do projeto Arapy Aguaçu – Sinfonia Entre Dois Mundos.
Está também marcado um concerto para 29 de agosto na Casa da América Latina, em Lisboa.
“O projeto Arapy Aguaçu – Sinfonia Entre Dois Mundos tem como objetivo promover um encontro cultural e musical inédito entre jovens músicos indígenas brasileiros e músicos madeirenses, valorizando e difundindo as tradições musicais de ambos os povos”, explica a Associação de Bandolins da Madeira em comunicado.
A iniciativa, idealizada por Eduardo Martinelli (Brasil) e Norberto Cruz (Madeira), faz parte do programa da primeira digressão internacional da Orquestra Indígena, com atuações previstas em Portugal e Espanha.
“Através da fusão de instrumentos e repertórios tradicionais da Madeira e do Mato Grosso do Sul, o projeto visa criar uma experiência artística coletiva que fortaleça o diálogo intercultural, a preservação do património imaterial e a construção de pontes entre Brasil e Portugal”, refere a Associação de Bandolins da Madeira.
Os concertos, com entrada livre, estão agendados para sábado às 21:00 no Auditório do Jardim Municipal, no centro do Funchal, e domingo às 18:00 no Fórum Machico, cidade localizada na zona leste da ilha.
O Arapy Aguaçu – Sinfonia Entre Dois Mundos integra as comemorações do bicentenário do Tratado do Rio de Janeiro, assinado em 1825, que selou a paz, amizade e aliança entre Brasil e Portugal após a independência.
A Associação de Bandolins sublinha que o projeto procura “sensibilizar o público para a diversidade cultural e promover a inclusão de comunidades historicamente marginalizadas”, dando visibilidade à riqueza musical e à identidade dos povos indígenas brasileiros em diálogo com a tradição portuguesa.
De acordo com informação disponível na página da internet da Orquestra Indígena, o espetáculo cria uma “fusão única entre ritmos ancestrais brasileiros e a tradição musical portuguesa” e, além da valorização da cultura indígena, reforça a importância do intercâmbio cultural como instrumento de transformação social e fortalecimento da identidade.
Composta por cerca de 20 crianças e adolescentes das etnias Terena e Guarani, a Orquestra Indígena do Brasil, cuja direção artística está a cargo de Eduardo Martinelli, foi criada em 2016, em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, e oferece ensino gratuito de instrumentos clássicos.
Tem também como missão “resgatar e preservar músicas do cancioneiro brasileiro, do Pantanal sul-mato-grossense (região próxima à comunidade onde vivem) e das tradições indígenas”.
Já a Associação de Bandolins da Madeira, atualmente presidida pelo maestro Norberto Cruz, foi constituída em 2000 com o objetivo de agrupar todos os executantes, tunas e orquestras de bandolins na Madeira e de promover a investigação, dinamização e desenvolvimento do património musical da região.
Em 2022, o Governo Regional da Madeira atribuiu-lhe o estatuto de entidade de utilidade pública.