Grupo de militantes do Chega pede impugnação e medida cautelar a listas do partido

No âmbito das eleições autárquicas marcadas para 12 de outubro de 2025, um grupo de militantes do Chega decidiu recorrer ao Tribunal Constitucional devido à” situação gravíssima em que o partido se encontra”.

De acordo com um comunicado enviado à redação, de forma a “garantir transparência”, foram informados todos os tribunais de comarca de Portugal que receberam candidaturas do partido, explicando-lhes o teor do pedido e alertando para a “situação ilegal” das listas apresentadas.

“O histórico do Chega revela um padrão de manipulação interna e ausência de escrutínio democrático desde a sua fundação informal em abril de 2019. A primeira convenção, realizada em Algés, formalizou a estrutura inicial e os estatutos do partido, sendo estes os únicos ainda válidos. Em 2020, o presidente do partido apresentou a sua demissão, levando à queda de todos os órgãos. Seguiram-se convenções em Évora, Coimbra e Viseu entre 2020 e 2021, todas posteriormente invalidadas pelo Ministério Público e pelo Tribunal Constitucional, devido a vícios estatutários graves e à concentração indevida de poderes na presidência do partido”, começa por elucidar a mesma nota.

Desde então, sustenta, “o Chega tem funcionado publicamente com órgãos nulos, configurando uma clara violação da Constituição e uma fraude política institucionalizada. Encontrando-se neste momento em Vacatura”.

Mais adianta que o “Tribunal Constitucional, através do Acórdão n.º 687/2025, confirmou a nulidade da eleição dos órgãos dirigentes nacionais do CHEGA na VI Convenção Nacional realizada em janeiro de 2024, decisão que foi posteriormente confirmada pelo Plenário no Acórdão n.º 434/2025, tornando-se definitiva e sem possibilidade de recurso. A eleição realizada foi considerada uma farsa, reconduzindo André Ventura e os órgãos do partido com resultados artificialmente inflacionados. Esta ação judicial foi promovida por militantes de base, cansados de assistir a anos de manipulação interna, ausência de democracia interna e controle absoluto do partido por parte de André Ventura, que conduziu o CHEGA como se fosse um projeto pessoal e autocrático”, reforça.

Os contestatários mencionam ainda que, como consequência, “a direção atual do CHEGA não possui legitimidade estatutária nem jurídico-eleitoral para subscrever ou validar candidaturas. Portanto, as listas apresentadas para as eleições autárquicas de 2025 são juridicamente nulas”.

Mais entende que os tribunais que receberam estas candidaturas devem avaliar a legalidade das listas, tendo em conta a nulidade dos órgãos dirigentes e a inexistência de legitimidade formal para representar o partido.

“Manter estas listas em concurso eleitoral viola a Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais a Constituição da República Portuguesa, que estabelece que apenas partidos com órgãos legalmente constituídos podem apresentar candidaturas, e os próprios estatutos do partido (Artigo 21.º, 1), b))”, sublinha.

O grupo de militantes diz ainda que, atualmente, o Chega encontra-se numa situação sem precedentes: “é um partido com representação parlamentar que se apresenta como defensor da ordem e da legalidade, mas não possui órgãos válidos, não respeita decisões judiciais e não realiza eleições internas livres e transparentes. Com base na jurisprudência do Tribunal Constitucional, nos estatutos válidos do partido e no histórico de decisões que invalidaram convenções internas, não existe legitimidade para que a direção do CHEGA apresente listas para as eleições autárquicas de 2025. Por isso, os militantes solicitam a análise judicial e a consequente impugnação das candidaturas apresentadas, garantindo o respeito à lei e aos princípios democráticos”.

No mesmo comunicado, o grupo reforça ainda que o papel do Tribunal Constitucional deve de ser um ativo regulador de todos os partidos em Portugal sem exceção.

“A estratégia de vitimização de André Ventura tem contribuído para a sua ascensão política, algo que é preocupante. Alertamos para o facto de não sermos de outros partidos pelo que o nosso histórico assim o comprova pois nunca militamos em mais nenhum, agimos de forma consciente e séria, movemo-nos por princípios, seriedade e convicções. O verdadeiro sentido do processo é tão simples, de se fazer cumprir a lei e os estatutos do partido”, remata.

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