Sí, quiero.

Há quem diga que se casar fosse bom, chamava-se cassorte. Talvez. Eu, pelo sim pelo não, casei duas vezes. Naturalmente que pela igreja foi uma só. Nisso e na morte, a religião católica é muito rígida. Só aceitam uma vez. Paciência. Ainda assim, há tempos, a minha esposa pelo civil, pediu-me em casamento. Queria fazer uma espécie de renovação de votos. Não, não são bodas. Bodas com B são outra coisa. Bodas são títulos para aniversários de casamento, por exemplo, bodas de prata (25 anos) e bodas de ouro (50 anos). Já a renovação é uma celebração para reafirmar (ou não) o compromisso do casal e pode acontecer a qualquer momento. Com ou sem festa, graças a Deus. Eu, na hora, sorri… À frente dos meus amigos, com um sorriso de orelha a orelha, puxei-a para cima para não esfolar os seus lindos joelhos e sussurrei-lhe ao ouvido: “falamos em casa”. Volta e meia os presentes perguntam-me para que data ficou! Não sei. Continuo à espera que ela encontre o homem ideal. Não há dia que não se queixe. Ou que não ouço o que diz. Ou que não faço o que ela manda. Sinceramente não sei o que vê em mim! Coitada. Há quem tenha passado ao lado de uma grande carreira. Ela arrisca-se a passar o resto da vida ao lado de uma boa buseira.

Outras há que têm mais sorte. Sim, faz amanhã uma semana que o mundo parou. Bastou, para isso, uma foto de duas mãos em cima de uma cama com os lençóis desfeitos de fresco. Mas não eram duas mãos quaisquer… Uma tinha umas unhas impecáveis. De formato amendoado com acabamento de manicure francesa. Um mimo. Digna de quem não lava um prato ou sequer o mete na máquina. Olhem, nem estica um lençol que seja. A outra, a de baixo, já era mais calejada. Veias grossas. Com unha roída… No fundo, mão de quem já bateu muito punho para chegar onde chegou! À vista saltava uma grande e deslumbrante peça de joalharia. O valor pouco importa. Pode até ter sido da Temu. Oferta é oferta. E o que conta é a intenção.

A localização, essa, era na Arábia Saudita. A legenda? “Sí, quiero. En esta y en todas mis vidas”. Pudera. Até eu. Diria logo Siiiiiiiiiiiiiiiiii a plenos pulmões. Notícia seria a senhorita recusar. Ou pedir um tempo, sei lá…. Seria como pegar no bilhete do euromilhões e jogar fora. Ou ter a oportunidade de comer caviar de esturjão albino envelhecido ao pequeno-almoço, almoço e jantar e preferir “ibéricos” do Mercadona. Poder passar o resto da vida a viajar de jatinho e optar por ir em económica, sem bagagem de porão, na Ryanair. Então a senhora não ia dizer que sim?! Ia pois. E se querem saber, fez muito bem. Merece. Trabalhou para isso. Depois da mãe coragem, eis a mulher miragem. Quem viu, viu…

Por falar em gente esforçada e trabalhadora, soube-se também por estes dias, que um funcionário da Câmara Municipal do Funchal, alegadamente, acumulava 2 empregos. Se por um lado nos fartamos de apontar o dedo aos funcionários públicos, dizendo que fazem pouco, quando temos exemplos de gente empreendedora também crucificamos. Ok, eu sei que apenas um deles era lícito. O outro era de um ramo de negócio à margem da lei, pronto. Mas caramba… O aproveitamento dos recursos era exímio. Segundo dizem, e não sou eu, numa só viagem recolhia lixo e despachava mercadoria. E ai de quem diga que o Funchal é uma cidade suja. E porquê? Porque, se preciso fosse, o senhor dava 3 e 4 voltas ao município. Da parte da autarquia o que fizeram? Suspenderam o homem. Mandaram-no para casa. Sinceramente…. É assim que valorizam as pessoas?! Uma pessoa faz o trabalho que ninguém quer. Às horas que poucos aceitam. Sacrifica-se… Para ser mandado embora?! Depois não se queixem que ninguém quer trabalhar. Por mim ia logo para vereador. Ficava com os pelouros da economia, finanças, mercados municipais, gestão de frota, mobilidade e trânsito, ordenamento do território, ambiente, salubridade, resíduos, apoio social, aquisição de bens e serviços e, por fim, prevenção da toxicodependência.

Vá, falemos agora de coisas sérias. Na terça-feira uma equipa de emergência da Cruz Vermelha Portuguesa foi chamada a um hotel. Por sorte não aconteceu uma tragédia. Desta feita não foi nenhum octogenário que ameaçou ir com os anjinhos. Foi antes uma criança. Então não é que na zona da piscina estava uma menina de 5 anos que tinha ingerido uma moeda? Palavra de honra. Incrível. Esta malta começa cada vez mais cedo. Por este andar aos 10 já engole notas. E aos 20 tritura cartões de crédito, não? Aos trintas? Se tiver sorte diz “Sí, quiero”. Se não, diz “Não, quieto” e espera que apareça um Príncipe das Arábias.

Ps, o subsídio por interrupção de gravidez tem aumentado consideravelmente. Este ano, só em julho, o subsídio foi atribuído a 17 senhoras. Está bem que não é nenhum balúrdio, mas sempre são (em média) mil euros sem se distinguir se o desmancho foi voluntário ou espontâneo. Pode parecer com isto que eu sou contra o aborto! Na na ni na não. Nada mais longe da realidade. Antes pelo contrário. Sou a favor e muito. Aliás, alguns de vós até sabem que eu sou tão a favor que já sugeri esticar o “prazo” das dez semanas de gestação para os 25 anos (espécie de pena máxima). Explicaram-me então que não era boa ideia porque o Lido e a Rua das Fontes iam ficar vazios e os shots podiam estragar-se. Pronto. Não está mais aqui quem escreveu… Adiós.

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