Conservação da Natureza: uma responsabilidade de todos

A 28 de julho celebrou-se o Dia da Conservação da Natureza. Esta data adquire, na Região Autónoma da Madeira, um significado muito especial. Aqui, a Natureza não é apenas um pano de fundo paisagístico. É a base da nossa identidade e um ativo estratégico do qual depende a nossa economia e a qualidade de vida de todos nós.

A Madeira é reconhecida internacionalmente pela sua excecional riqueza biológica, pelos seus ecossistemas endémicos e pelo bom estado de conservação de grande parte do seu território. É uma terra de floresta Laurissilva, de áreas protegidas com estatuto internacional e de valores biológicos e geológicos que a distingue a nível europeu e mundial. Mas esta singularidade impõe responsabilidade. E essa responsabilidade tem sido assumida, de forma determinada e consequente, pelo Governo Regional da Madeira, através do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN).

O IFCN é a entidade pública responsável pela execução das políticas de conservação da natureza, das florestas e da biogeodiversidade, bem como pela gestão das áreas protegidas terrestres e marinhas da Região. É também a autoridade competente em matéria de vigilância florestal, proteção dos recursos naturais e ordenamento florestal, integrando competências técnicas, operacionais e de fiscalização num só organismo. Esta abrangência permite-nos agir de forma integrada e eficaz sobre os múltiplos desafios ambientais que enfrentamos.

Nos últimos anos, o IFCN tem concretizado medidas com impacto real no território. Desde a expansão da Rede de Áreas Protegidas, incluindo a criação das áreas protegidas do Cabo Girão e Ponta do Pargo e da Rede de Monumentos Naturais, até à recuperação de habitats degradados e melhoria do estado de conservação de espécies ameaçadas, através de fundos próprios e de projetos financiados por programas europeus como o LIFE Recover Natura, o LIFE Freiras, o LIFE Lobo-Marinho e o REGIS, as ações do Instituto têm sido norteadas por uma estratégia de longo prazo que alia conservação, ciência e envolvimento das comunidades.

No terreno, temos reforçado a nossa presença e capacidade de resposta. Atualmente, o IFCN dispõe cerca de 70 polícias florestais, 40 vigilantes da natureza, 2 equipas de sapadores florestais, além de técnicos especializados e operacionais, que asseguram a gestão sustentável do território, a vigilância ativa, o controlo de espécies invasoras, a limpeza de centenas de hectares de floresta e a monitorização ambiental em áreas sensíveis. Estes meios serão em breve reforçados com a contratação de mais 40 polícias florestais e 20 sapadores, num esforço claro para garantir eficácia, proximidade e proteção do nosso património natural.

Sabemos, contudo, que a conservação da Natureza enfrenta hoje novas pressões. A crescente procura por um turismo próximo da Natureza, tem levado, em determinadas ocasiões, a uma maior pressão em locais como a Ponta de São Lourenço, o Pico do Areeiro, o Fanal ou o Ribeiro Frio. O IFCN tem adotado uma abordagem proativa, com medidas como a implementação de taxas de resíduos nos percursos classificados, o estudo da capacidade da sua capacidade de carga, a melhoria das infraestruturas de apoio e o reforço da sensibilização junto dos operadores turísticos e visitantes.

Também no domínio da Defesa da Floresta Contra Incêndios temos vindo a aplicar uma estratégia clara e robusta, assente na prevenção, vigilância e sensibilização. Mais de 170 hectares de gestão de combustível foram intervencionados este ano. Cerca de 70km da nossa rede de caminhos florestais, essencial ao combate e à gestão dos espaços, foi requalificada.

A missão do IFCN tem sido clara. Conservar os recursos naturais da Região, garantir a fruição responsável do património natural, apoiar a adaptação às alterações climáticas e promover a valorização económica da Natureza de forma sustentável. Este trabalho é contínuo, exigente e, muitas vezes, invisível ao olhar comum. Mas é nele que assenta a solidez das políticas ambientais da Madeira e o reconhecimento que a Região tem obtido a nível nacional e internacional.

Reafirmamos o nosso compromisso com a proteção dos valores naturais da Madeira. O futuro das nossas florestas, das nossas serras e da biogeodiversidade que nos caracteriza dependerá, cada vez mais, da capacidade de continuarmos a investir, a inovar e a envolver a sociedade neste desígnio comum.

O IFCN continuará a ser uma instituição de referência, pautando a sua ação por critérios de rigor técnico, responsabilidade ambiental e serviço público. Porque conservar a Natureza é, para nós, mais do que uma obrigação administrativa. É um dever de consciência, um investimento no futuro e uma afirmação daquilo que somos, um povo que reconhece o valor da sua terra e a vontade de a proteger.

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