Paris, Damasco e Washington acordaram hoje a realização de uma nova ronda de negociações na capital francesa entre o governo sírio e a administração curda, para integrar os curdos no Estado sírio.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noel Barrot, o sírio, Asaad al-Shibani, e o enviado dos Estados Unidos Tom Barrack, concordaram que Paris vai receber “o mais rapidamente possível uma nova ronda de consultas entre o governo sírio e as FDS [Forças Democráticas na Síria] sobre a aplicação integral do acordo de 10 de março”, de acordo com uma declaração conjunta emitida no final de uma reunião em Paris.
Mazlum Abdi, líder das FDS, braço armado dos curdos apoiado por Washington, e o Presidente interino sírio, Ahmad al-Sharaa, concluíram um acordo a 10 de março com vista à integração das instituições curdas no Estado sírio.
Desde então, realizaram-se várias rondas de negociações, mas sem progressos, depois de os curdos terem criticado a declaração constitucional, que, segundo peritos, confere plenos poderes a Al-Sharaa, e a formação de um governo considerado não representativo da diversidade étnica e religiosa da Síria.
As atrocidades regulares contra a minoria alauita e os recentes atos de violência no sul aumentaram as preocupações dos curdos, que defendem um modelo de “governação descentralizado”, rejeitado várias vezes por Damasco.
Uma reunião prevista para quinta-feira, em Paris, entre representantes curdos e uma delegação do governo sírio foi adiada.
Na quarta-feira, o porta-voz das FDS, Farhad Shami, afirmou que “a entrega de armas é uma linha vermelha”.
“Ninguém se vai render. Quem apostar na rendição vai acabar por perder, os acontecimentos trágicos confirmaram-no”, acrescentou, referindo-se à onda de violência em Sweida, cidade de maioria drusa no sul do país.