Crónica de uma dívida anunciada

Esta história não envolve nenhum homicídio, nem acontece em nenhuma cidade verdejante da Colômbia, embora tenha traços comuns com o romance de Gabriel García Márquez, nomeadamente na sua previsibilidade e nos ingredientes trágicos. Esta minha história passa-se no Funchal e fala da pesada herança que o defunto executivo socialista deixou aos funchalenses por não pagar a água e o tratamento de resíduos que deviam à ARM. Esta intifada financeira contra a ARM começou em 2014, integrada na operação especial (onde é que eu já ouvi isto) contra tudo o que estava directa ou indirectamente relacionado com o Governo Regional. Pode parecer um bocado ofensivo (eu não acho), mas a actuação do executivo camarário cor-de-rosa durante este período de horror, revestiu-se de contornos terroristas, felizmente, sem túneis e sem kalashnikovs.

Enquanto os senhores do paço retinham pagamentos e brincavam aos processos judiciais contra a ARM, a cidade definhava ao mesmo tempo que crescia uma divida oculta e monumental na autarquia. Os danos foram substanciais e profundos, inviabilizando operações de conservação e manutenção em algumas infraestruturas críticas do sistema regional de abastecimento de água e de gestão de resíduos. Esta divida desmesurada, é uma dívida criminosa, pois em nada contribuiu para a cidade ou para os funchalenses. Os socialistas, além de não pagarem o que deviam à ARM, aplicando unilateralmente um desconto (e que desconto), continuavam a cobrar aos munícipes na respectiva factura da água os valores de sempre, sem qualquer redução. Assim, reduziam os custos e mantinham as receitas, uma fórmula infalível para apresentar bons resultados e amealhar mais uns dinheirinhos para a autopromoção. Esta não lembrava nem ao careca… ou se calhar até lembrou, ou pelo menos a quem o rodeava.

Finalmente em 2021, quando a população do Funchal acordou do pesadelo medieval de dois mandatos socialistas, e depois da autarquia estar servida por um verdadeiro executivo, o anterior era claramente uma figura de estilo, a situação finalmente tomou outros contornos. A vereação do PSD de forma responsável e séria acabou com a festa e avançou com uma proposta no sentido de estancar a dívida e retomar os pagamentos de forma integral, sem o desconto que tanto jeito deu aos socialistas caloteiros (eu sei, é um pleonasmo). É quase sempre assim, quando o adulto entra na sala, acaba a brincadeira das crianças. Esta iniciativa materializada no final de 2022, permitiu que a ARM recebesse o que lhe era devido pela prestação dos seus serviços e equilibrar na medida do possível a sua operação. É confrangedor olhar para trás e constatar a ruína socialista, com um lastro de milhões de euros numa divida escondida em gavetas e em contas mal feitas que magicamente davam resto zero. Foram oito anos de obscurantismo, charlatanismo e de imobilismo, tempos de má memória e que deixaram marcas, tanto na autarquia como nas instituições alvo das acções terroristas desta espécie de “jihad” socialista insular.

Mais recentemente e na sequência do levantamento da suspensão dos processos de execução fiscal que pendiam sobre a autarquia desde o tempo da tal “guerra santa” ao Governo Regional e na iminência de um arresto das contas e consequente paralisação total da autarquia do Funchal, o executivo camarário e o Governo Regional chegaram a um acordo para pagamento da dívida vencida, bem como dos respectivos juros. O caro leitor deve-se lembrar da novela do Quartel dos Bombeiros e do Tribunal que foram dados como garantia. Estavam a dar o que é nosso, de todos os funchalenses, para garantir uma divida que era deles, só deles. Claro que como bons socialistas charlatões (mais um pleonasmo), inventaram de seguida uma narrativa rebuscada e lançaram números exóticos para enganar os mais incautos, mas os funchalenses não estão a dormir e já conhecem o que a casa gasta (e gastava muito). A contabilidade é simples: 8 anos de socialismo ou coisa parecida, 35 milhões de euros de dívida, 32 milhões de juros e obra zero. Pois é, invariavelmente com os socialistas, o resultado final é sempre zero e quem paga é o povo.

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