A Banhos

Verão chegou, e com ele a irresistível vontade de ir a banhos — uns de mar, outros de política, e alguns, vá-se lá saber, de realidade. O país e a Região entram em modo “férias” com o habitual enredo político: tropeções, mergulhos de cabeça, chapas e, claro, bandeiras ao vento.

Bandeira Verde

Entre braçadas legislativas e boias orçamentais, tanto a República como a Região conseguiram aprovar os respetivos programas de Governo. Uma façanha, considerando o clima político em que vivemos, onde cada votação parece uma prova olímpica de saltos para a piscina das redes sociais. Porém, não deixa de ser preocupante a crescente judicialização da política. A política que se faça nos parlamentos, com debate e voto; a justiça que se faça nos tribunais, com provas e sentenças. Misturar os dois universos dá sempre mau resultado — ou, no mínimo, grandes enredos de telenovela. Nesse sentido, é bom sinal que, ao fim de 12 anos, comece finalmente o julgamento de José Sócrates. Tardia, sim. Mas justiça adiada ainda é melhor que justiça esquecida.

Bandeira Vermelha

Falo em apneia da piscina da Ponta Delgada, palco de glórias aquáticas pessoais e centro de memórias partilhadas no meu Instagram. Hoje, a mesma piscina apresenta-se em estado de asfixia. Esteve dois meses fechada, mas mantendo sinais de degradação, apresenta preços que duplicaram em dois anos sem bloco de entradas com descontos à vista e, cereja no topo, ausência de nadador-salvador — o que, além de irresponsável, é ilegal. As bandeiras de acesso ao mar são içadas com o mesmo conhecimento técnico com que se joga um dominó na esplanada, e o bar pratica preços turísticos numa freguesia que é tudo menos uma estância internacional. O horário? Um convite à desistência. Sei que a Sociedade de Desenvolvimento quer resolver o impasse com o concessionário. Que se consiga salvar o Verão.

Bandeira Amarela

O PSD escorregou na prancha com a escolha do candidato à Câmara do Funchal. José Luís Nunes desceu das escadas antes mesmo de ensaiar o mergulho… A política é arte exigente — não basta a vontade, é preciso saber ao que se vai e jogar com regras definidas. Jogador experiente de muitos tabuleiros Miguel Albuquerque recorreu ao baralho dos trunfos governativos. Tinha dois Às de Espadas: Jorge Carvalho e Eduardo Jesus. O segundo, secretário que pôs a Madeira no mapa turístico, acabara de passar por um episódio de tensão verbal — algumas palavras fortes num momento mais tenso, agora vendidos como ataque misógino, mesmo que um dos visados fosse … um homem. Enfim. Ganha o Turismo, que mantém o timoneiro. Perde a Educação, que fica sem aquele que lhe trouxe estabilidade. E sai a ganhar o PSD, com a aposta full in. Mas é bom aprender a lição: ensaiar antes de entrar em cena dá sempre jeito.

Bandeira Xadrez (sem assistência)

Houve umas décadas que o melhor urbanista da Madeira era um militante empenhado e participativo do melhor partido da Região. Naturalmente sobressaiu, tendo-se notabilizado dentro do partido e nas suas funções públicas. Atrás de tempos, tempos vêm, e as expectativas de uns, as prioridades de outros, as relações pessoais, até o ideário político, tomam caminhos divergentes. O melhor urbanista da Região encontrou um espaço em que se sente melhor, mais valorizado, e para ele mais empático. O melhor partido da Região, ainda que reconhecesse os seus méritos, entendeu que devia contar com outras pessoas para as suas áreas. E está tudo bem. Um e outro(s) têm o direito de seguir o(s) seu(s) caminho(s). O melhor urbanista da Região é o meu irmão, e será número 2 da candidatura do Chega à CMF, e o melhor partido da Região é o PSD, que continua a transformar a Madeira, e o Funchal, num lugar melhor para viver. Que ganhe o PSD, naturalmente, e que o melhor urbanista da Região tenha o sucesso que merece.

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