A ilha deserta

Uma ilha deserta em norma, é desabitada de humanos, que associamos a cenários de náufragos e ao ideal de um “paraíso” natural. Mas quem nunca se sentiu estar numa ilha deserta, cheia de náufragos? Onde o metro quadrado equivale ao centro do mundo moderno? Onde tudo acontece e não acontece nada? “Willkommen to Madeira!”. Amo a minha Ilha, de coração, mas por vezes, em nosso prejuízo, naufragamos demasiado na maionese, seja por força dos egos, seja por força do vizinho do lado, ou seja, porque sim…porque o sim convém, e o não… é mais difícil e não dá jeito. Mas é uma conveniência com prazo anunciado. Por isso, pior que ter ideias idiotas e mal intencionadas – que nos prejudicam – é não ter ideia nenhuma de nada. Esse individualismo torna a Ilha mais deserta. Além de que, o “conforto do conformismo”, sempre me fez confusão, para não dizer que extinguiu civilizações milenares.

Entendo que, o essencial que nos faz bem, já foi inventado, não, devemos complicar o que é simples. E o simples é participar no nosso destino. Mesmo quando celebramos o dia da nossa Região, todos temos de tirar um tempinho para parar, pensar onde queremos viver e prosperar. Senão, o feriado é mais um pretexto para ir ao Madeira Shopping (a referência é apenas por antiguidade e não publicitária). E isso vale, para que tem responsabilidades de decisão, também para quem não quer confusões e vive de acordo com as normas, mas também para os que estão à espera que alguém “trate” da sua vida. Quando assim não acontece, somos todos náufragos de um destino imposto. E tudo o que é imposto, mesmo o fiscal, convém saber qual o preço a pagar.

Voltando à Ilha, à Madeira – entenda-se arquipélago num todo – a mesma teve um desenvolvimento brutal desde o 25 de Abril, é inegável, mas aqui chegados, o que fazer? Se calhar o desafio atual é maior, isto porque, estamos há demasiado tempo a viver das conquistas alcançadas. Qual império Português, que entrou em declínio após os Descobrimentos e as riquezas associadas. Poderia aproveitar este espaço, para dar a minha opinião com várias medidas para a Madeira e para o Funchal (para esse peditório já contribui como deputado municipal), contudo, a minha voz isolada não preenche o deserto.

Vivemos um tempo de deserto de ideias, mesmo quando elas existem. Cheguei à conclusão, que esse desígnio de mobilização da comunidade, tem de ser feito pela comunidade. Estamos num processo de evolução tão complexo, que se não temos adversários, somos adversários de nós próprios. Todos temos opinião sobre tudo e sobre nada. E o nada geralmente gera mais brigas. Deixámos de discutir o que verdadeiramente interessa, perdemos o nosso tempo com trivialidades e com a espuma dos dias.

A promoção da imagem é a primeira e principal causa – mesmo as causas que interessam ficam ofuscadas com a necessidade da promoção da imagem dessas causas.

O dizer que se vai fazer, o dizer que estamos fazendo e o que já se fez (essa então é intemporal), é a regra. Julgo que, temos um dever de gratidão e orgulho pelas gerações de madeirenses que nos trouxeram até aqui, um dever de honestidade connosco próprios e sobretudo um dever de responsabilidade para com as gerações vindouras. Temos de ser donos do nosso destino, senão está o caldo entornado. Não ficar à espera que os outros organizem a nossa Casa.

Quando caímos literalmente numa ilha deserta, seja por infortúnio ou por qualquer outro acaso, primeiro, tentamos sobreviver, depois criar infra-estruturas básicas, e por fim se estiver a correr bem, ter uma qualidade de vida sustentável. Por isso, sugiro que, em vez de acharmos que alcançamos tudo, que sejamos náufragos de um “paraíso” natural.

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