Roma foi palco do FEST CONFERENCE, um encontro cultural que celebrou o poder do storytelling como instrumento de coesão, expressão e identidade europeia. Num contexto em que a Europa procura reencontrar e explorar a sua diversidade, este festival representou mais do que uma montra artística. A Académica da Madeira, com o apoio da Direção Regional de Juventude, através do programa Mais Mobilidade, esteve presente na conferência.
Na Madeira, a arte de contar histórias sempre foi parte do quotidiano. Desde as cantigas de embalar aos contos partilhados nas levadas, das memórias da emigração às tradições mantidas em comunidade, a oralidade foi durante séculos a principal forma de preservar o património coletivo. Hoje, o storytelling assume também um papel estratégico, afirmar a identidade madeirense num mundo cada vez mais globalizado, onde o risco de homogeneização cultural ameaça as especificidades regionais.
Em regiões ultraperiféricas como o arquipélago da Madeira, o impacto do storytelling na promoção da cultura é particularmente evidente. Ao contrariar o isolamento e recuperar narrativas esquecidas, este instrumento torna-se uma ponte entre o passado e o presente, entre o local e o europeu, entre a tradição e a inovação. E neste caminho, a juventude tem desempenhado um papel fundamental.
A Associação Académica da Universidade da Madeira tem-se destacado precisamente por esse compromisso com a cultura. Assumindo a responsabilidade de valorizar o património imaterial da região, a associação desenvolve há vários anos projetos que aproximam a comunidade académica da herança madeirense, ao mesmo tempo que lhe conferem uma nova linguagem. Entre esses projetos, o programa Herança Madeirense é especialmente relevante. Através de visitas encenadas e outras em diversas línguas e percursos, este programa transforma a história da Madeira numa experiência participativa, acessível e criativa. Não se limita a preservar tradições. Reinterpreta-as à luz dos desafios contemporâneos e dá-lhes vida com a participação ativa dos estudantes e da sociedade civil.
A presença do programa Herança Madeirense no FEST Roma 2025 foi, por isso, muito mais do que simbólica. Representou a afirmação de uma identidade insular construída por quem a vive, sente e transmite. Permitiu à Madeira mostrar que não é apenas um destino turístico, mas um território com memória, com alma e com voz própria. Mostrou que a juventude madeirense não está apenas interessada em consumir cultura, mas em produzi-la, divulgá-la e garantir que ela perdura.
Cultura não é um luxo. É um direito e uma ferramenta essencial para o desenvolvimento das comunidades. O storytelling, enquanto forma de partilha de experiências e valores, é uma das formas mais poderosas de garantir esse desenvolvimento de forma inclusiva e democrática. Neste sentido, o trabalho cultural da Académica da Madeira, com destaque para o programa Herança Madeirense, constitui um exemplo claro de como o ensino superior pode contribuir para a preservação da identidade e para a projeção de uma região no contexto europeu.
O FEST Roma 2025 terminou, mas as histórias que ali foram contadas continuam a ecoar. A Madeira foi, durante alguns dias, parte visível da construção narrativa da Europa. E isso deve encher-nos de orgulho e motivar-nos a continuar a investir numa cultura viva, enraizada e partilhada.