Segurança no Trabalho

A Segurança no Trabalho é considerada um direito fundamental. Existem organismos públicos para fazerem cumprir a legislação e as empresas consomem tempo e dinheiro a criar ambientes de trabalho seguros. Contudo, porque é que os acidentes de trabalho e as doenças profissionais continuam a ocorrer em níveis superiores ao desejável? Porque a maioria das empresas encara a segurança como uma questão de Compliance, investindo pouco nesta área estratégica.

Afigura-se, pois fundamental abraçar a tarefa de melhorar a segurança de forma consciente e sistemática. Neste sentido, um conjunto de especialistas (Harvard Business Review, 2024) propõe um processo em cinco etapas para transformar a Segurança no Trabalho num fator-chave de desempenho da sua empresa:

1) Alinhe o significado – é essencial clarificar a sua definição de segurança para que todos compreendam exatamente o que significa. A Alcoa é um excelente exemplo dessa clareza. O antigo CEO, Paul O’Neill, fez da segurança uma pedra angular da estratégia global da empresa e definiu-a como a obtenção de zero acidentes no local de trabalho, incluindo-a em todos os aspetos da tomada de decisão, do chão de fábrica à sala de reuniões;

2) Defina as métricas – é necessário demonstrar que a segurança se traduz numa melhoria do desempenho. Contudo, não deve cair na armadilha de registar demasiadas métricas genéricas sem ligação a resultados específicos. Quando isso acontece, os colaboradores tornam-se cínicos, vendo-as como uma verificação burocrática que consome o seu tempo. Ao dar prioridade a um pequeno número de métricas claramente ligadas aos resultados de segurança, obtém melhorias reais;

3) Antecipe e previna problemas – quando as suas chefias interiorizam a necessidade de segurança e adotam métricas fiáveis para medir o sucesso, procuram prontamente ferramentas e adotam práticas que as ajudam a antecipar e a prevenir problemas de segurança. A tecnologia pode ser um bom aliado, com equipamentos de proteção individual e coletiva inovadores a surgirem no mercado;

4) Formação orientada – a formação em segurança deve ser personalizada para atingir comportamentos preventivos específicos e deve dar prioridade à conveniência dos seus colaboradores. Caso contrário, os programas de formação podem desperdiçar o tempo das pessoas, minar o seu moral e não alcançar os resultados desejados;

5) Incentive os colaboradores – muitas empresas incentivam o desempenho financeiro, a qualidade e a produtividade, ficando a segurança para trás. Outro erro é associar prémios de segurança a resultados, os quais são da responsabilidade das chefias. No que diz respeito aos colaboradores, o que deve recompensar são os comportamentos e práticas preventivas que conduzem a resultados seguros. Estes comportamentos devem ser específicos e mensuráveis, para que os incentivos possam ser claramente associados a eles. Cabe às chefias estarem atentas aos comportamentos e resultados.

Em pleno séc. XXI, é imperativo mudar o paradigma da Segurança no Trabalho de uma função isolada para uma mentalidade partilhada e de um centro de custos para um acelerador de valor. Só assim poderá constituir uma vantagem estratégica formidável para a sua empresa. Senão, recordemos o perentório Credo de Segurança da gigante americana das telecomunicações AT&T… há praticamente um século atrás: “Nenhum trabalho é tão importante e nenhum serviço é tão urgente – que não possamos reservar tempo para realizar o nosso trabalho em segurança.”

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