Os sinais de alerta laranja

Uns saem, outros entram… Tem sido esta a tónica do PSD-M no xadrez montado para as autárquicas.

Por um lado, é legítimo que cada um faça as suas escolhas independentemente do entendimento coletivo sobre o que será melhor para o partido.

Por outro, não é despiciente analisar as opções e posições assumidas no decurso do processo de escolhas dos diferentes candidatos e equipas, que podem efetivamente merecer reflexão.

Senão vejamos: o Jornal avançou ontem, na sua edição digital – embora continue a haver comunicação social esquecida na hora de revelar a origem das questões colocadas aos protagonistas – que José Luís Nunes estava na iminência de se autoexcluir das autárquicas. Notícia confirmada pelo próprio. Alega razões pessoais. Legítimo, claro.

Questões que surgiram, no entanto, e sem qualquer especulação, após ter decidido aceitar o convite social-democrata. E já depois de se perceber que, ao contrário dos últimos anos, o PSD teria eventualmente o caminho para a vitória no Funchal um pouco mais facilitado, também por demérito(s) do adversário(s).

Portanto, o médico pediatra sabia que tinha pela frente uma espécie de atalho rumo à presidência do município, mas preferirá seguir outro percurso com a convicção de quem sabe que as suas prioridades são outras, que não as retratadas na proposta política que lhe foi apresentada.

Mas os ecos de uma estratégia desafinada não se restringem ao Funchal. Aliás, continuam bem audíveis noutros concelhos, como São Vicente e Ribeira Brava, que teimam em demonstrar divisões claras entre os militantes social-democratas que lá residem.

Autarquias onde, igualmente, o PSD se apresenta(va) com um favoritismo incontestável. E onde parece claro que a divisão interna pode gerar entropias inesperadas que a própria oposição parecia incapaz de criar.

Não há fome que não dê em fartura. E talvez esse seja, efetivamente, o problema central: a fartura que origina confusão na hora da distribuição de poderes. Como aconteceu, por exemplo, em Santa Cruz, embora com outro partido como protagonista, o JPP.

A abundância de recursos ou de oportunidades não devia motivar desconforto interno. Mas parece que assim tem acontecido, seja por que motivo for.

Aliás, perante alguma apatia e incapacidade das forças que se mantêm na oposição, sobressaem os novos movimentos ou partidos recentes no espaço regional e nacional. Os exemplos são vários. Da esquerda à direita. Menos ao centro, é verdade, que o povo parece mais dado a extremismos por estes dias. E ainda se admiram? Pelo menos em alguns lados a confusão não é surpresa nenhuma e há sempre quem se dê bem no meio do barulho vá lá se entender porquê.

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