Em qualquer dicionário ou manual, define-se como força física ou moral, que se emprega abusivamente contra alguém ou contra o direito natural de outrem.
É o uso intencional, real ou em ameaça, contra pessoa ou comunidade, que resulte ou possa resultar em dano, lesão ou privação.
Estou a falar de VIOLÊNCIA!
Anda por aí à solta, cada vez mais presente, esparramada nas redes sociais por onde se expande e exibe.
Resulta, na maioria das vezes, da frustração consigo mesmo, da falha própria na obtenção de objectivos, do vazio de metas que canalizem e preencham a actividade, o esforço ou o empenho.
Desagua em várias formas, sendo as mais comuns, a física, a psicológica, a moral.
A DOMÉSTICA TORNOU-SE VIRAL.
Acontece em todos os níveis de escolaridade ou formação.
A degradação relacional, o desencanto, a falha na alimentação da caminhada, o ciúme exacerbado, a desconfiança doentia, a incapacidade de acompanhar a pedalada do parceiro, tudo isso e muito mais conduzem a atos de violência cobarde.
A capacidade dialogante vai-se extinguindo, o distanciamento aumentando.
Se ainda sobrarem palavras, tomam tons de desprezo, que se vai tornando em raiva escondida e breve se descontrola.
Daí aos atos de agressão física é um passo curto.
Há parceiros que sofrem na calada para preservar uma aparência social ou salvaguardar interesses de terceiros, aguardando que as coisas normalizem.
A vergonha da queixa é protecção do agressor, que vai prolongando atitudes e coações até limites incontroláveis e imprevisíveis.
Outra violência que vai alastrando
É SOBRE O IDOSO
A convivência de gerações nem sempre é de paz e respeito.
Iniciada por força de circunstâncias diversas, a partilha de espaços pode criar embaraços, se não for caldeada de afetos e respeito comum pela privacidade de cada qual.
A paulatina perda de capacidades de quem vai envelhecendo pode ser causa de conflito.
A tensão diária de quem trabalha pode acarretar a impaciência para dar tempo e atenção de que carecem os menos jovens.
Podem até os velhos tornarem-se empecilhos de objectivos interesseiros e mesquinhos.
Surgirão as lutas por heranças, por pensões, por contas e poupanças. Há quem alicie os mais velhos para favorecimentos e decisões, quantas vezes provocadoras de desigualdades injustas ou de atropelos sem razão.
Quantas opções tomadas já sem a lucidez necessária, ou conduzidas por ameaças e receios.
A população idosa é muito carente de atenção, facilmente permeável à coacção psicológica, quer dentro das relações de confiança , em ambiente familiar, quer em instituições de apoio e cuidados.
Este tipo de violência pode manifestar-se em abuso físico, causador de lesões e danos corporais diversos; em abuso psicológico, provocador de sofrimento, angústia, humilhação, isolamento; em abuso financeiro, com incidência nos recursos do idoso; em negligência grave, que se traduz na omissão de cuidados ou acompanhamento; abuso sexual, que se manifesta em atitudes e contactos não consentidos.
A solidão dos idosos constitui um risco de violência, já que os coloca na situação periclitante de serem presas fáceis de estratagemas cada vez mais engenhosos que os podem prejudicar.
Refiro, como exemplo, que o Município de Santa Cruz criou, em 2010, o movimento
AVÓS POR AFETO, que mais não é do que uma rede de «netos e netas» que «adotam» um avô ou avó, pessoa idosa em solidão, a quem dedicam um acompanhamento ativo e afectivo, proporcionando uma presença solidária e abrangente.
O Covid abalou o movimento, abrindo uma lacuna jamais retomada, com prejuízo dos muitos beneficiários dessa simples, mas eficaz e confortante rede de apoio social.
Numa sociedade, que visivelmente envelhece, as medidas de apoio à população idosa tornam-se imprescindíveis.
Abandoná-las é falha grave, imperdoável.