Praias e Palavras

Na semana passada saiu a notícia que Portugal continental assume as praias e o seu acesso como público, dito pela Ministra do Ambiente quando inicia uma investigação aos acessos da costa de Grândola, onde existem mais de 20 km seguidos de praias. É isto que eu acredito e o que mais me choca na Madeira. Na Madeira é tudo privado, ou quase tudo. Há anos que os madeirenses só conseguem aceder às praias se forem hóspedes de um hotel ou pagarem uma boa quantidade de dinheiro. Havia tais que nem com dinheiro, só com prestígio. Agora são as levadas que serão privatizadas, teleféricos a destruírem o património natural e a poluírem a serra.

A política regional passou de uma ilha dourada, para uma ilha assoberbada. O futuro? Do madeirense comum é melhor dedicar-se a aprender a viver como as sardinhas nas latas, porque com o preço das casas e a quantidade de turistas, não haverá outra forma de viver.

Agora é normal e educado insultar alguém forte e feio. Assobia-se para o lado. Claramente a Madeira precisa de Paula Bobone e muitas regras de etiqueta. Mas na Madeira, faz-se com a etiqueta social o mesmo das etiquetas da roupa, rasgam-se sem piedade. Já tínhamos nus na Assembleia, tomara que fosse um nu como O Pensador, de Florença, mas os nossos são de carne e osso. Agora, temos palavras a nu. Pessoas tão bem educadas, que falarão em casa com os seus familiares desta forma. E descobrimos porque é que existe tanta violência doméstica na Madeira. Afinal não é o álcool, mas a educação. Quem diria que todos esses presos e por prender são apenas pessoas que estão entre os melhores da região? O que todos vimos nestes vídeos trata-se de violência verbal explícita, perdoada pelo maior representante da região.

E a culpa afinal de quem é? De tantas partes diferentes, mas hoje realço a parte da educação. É triste ter de ouvir professores nas consultas a serem pressionados para passar alunos que deviam chumbar, cheios de burocracias e tantas outras atividades que ficam bem no papel, mas nada fazem pela nossa sociedade. Fico feliz pelas manifestações da dignidade da profissão, mas aguardo a verdadeira revolução. Serem novamente respeitados pelos superiores e pela sociedade geral, acabando com a maioria da burocracia e com mais tempo para ensinar. Padre Martins foi muita coisa, mas foi também um professor. É deste tipo de professores que precisamos. Inspirar crianças e adolescentes, inspirar localidades que o defenderam até contra a polícia armada. Sem ele, muitas daquelas crianças e adultos não eram quem são hoje. Precisamos de uma revolução séria na educação, porque o futuro do país depende disso. Quais tablets para ensinar. Como diria Almada Negreiros hoje “MORRA O TABLET, MORRA! PIM! UMA GERAÇÃO COM UM TABLET A CAVALO EÌ UM BURRO IMPOTENTE”. Não são precisos mais estudos sobre o assunto, só decisões.

Tal como os madeirenses não aprenderam com o passado e com todos os escândalos dos últimos anos, também os EUA não o fizeram e colocaram o mundo num lugar pior. Afinal, depois de atacarmos um país que já negocia com terroristas, humilhando-o na plataforma regional e mundial, esperamos que ele fique quieto como uma boa dona de casa? O que nos espera é assustador. Esperemos que desça algo sobre a humanidade, uma calma ou sabedoria que impeça os piores cenários. Não sei quem pode salvar o presente, mas sei quem pode salvar o futuro, os professores.

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